sábado, 25 de maio de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Aprendendo a falar o amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
VICE-POSTULADOR DA CAUSA
VENERÁVEL PADRE PELÁGIO SAUTER
REDENTORISTA
1789. O direito de ser ouvido 
Na experiência sacerdotal do atendimento das confissões, o que fica mesmo não são as palavras que o padre diz, mas o que a pessoa diz a si mesma. Ouvimos, depois que a pessoa falou o tempo todo, palavras de agradecimento pela orientação. A pessoa, enquanto fala, já elabora as respostas. É claro que há orientações. Mas o importante é ouvir. Assim também no casamento, o diálogo se torna o ponto de entrosamento físico e espiritual. O diálogo é a porta para todo o entrosamento matrimonial. Nosso querido Papa Francisco continua nos orientando com sua Exortação Apostólica Alegria do Amor (Amoris Laetitia). Ele afirma que “o diálogo é uma modalidade privilegiada e indispensável para viver, exprimir e maturar o amor na vida matrimonial e familiar. É uma aprendizagem” (AL 136). Apresenta diversas atitudes necessárias. Em primeiro lugar acentua a qualidade do ouvir. Não se trata de ouvir palavras, mas ouvir com todo ser. Temos até a expressão: “Sou todo ouvidos”. Aprofundando o sentido da expressão, o diálogo é um aprendizado. Ele exige tempo, atenção, silêncio interior dando valor a tudo o que é dito. Quando dizemos isso não tem importância, podemos nos enganar, pois é importante para a outra pessoa. É importante porque se trata de uma pessoa que não pode ser subestimada nem subestimar o que diz. É preciso colocar-se no lugar do outro para entendê-lo (AL 136-137). No diálogo matrimonial colocar as próprias ideias é um modo de enriquecer a vida. É a “riqueza na diversidade”. O diálogo requer gestos de carinho que se expressam na conversa amiga. Diante do diálogo do amor os problemas podem continuar, mas muda o modo de conduzir. 
1790. O amor apaixonado 
O diálogo toma toda pessoa no amor conjugal. O Vaticano II ensina que “compreende o bem de toda a pessoa e, por conseguinte, pode conferir especial dignidade às manifestações do corpo e do espírito, enobrecendo-as como elementos e sinais peculiares do amor conjugal” (GS 49). O amor só é amor se existir na totalidade, pois ele se expressa na pessoa toda. Esse amor é tão sublime que se tornou a maneira de compreender o amor a Deus. Suas expressões são bastante próprias para exprimir os estados da alma no seu relacionamento com Deus. Amor apaixonado assume todas as maneiras de existir da paixão. Todas as paixões são boas, desde que domesticadas, isto é, estarem a serviço do amor. A paixão só pode ser controlada pelo amor apaixonado. 
1791. O amor é emotivo 
O ser humano é um todo e as emoções são parte importante. A parte afetiva e psicológica é fundamental. Por isso, na preparação para o casamento é necessário ver bem esse aspecto. Se faltar, pode prejudicar o relacionamento. Jesus não escondia sua emotividade. Também a fé tem que estar unida ao ser total do homem e da mulher em suas condições pessoais e diferentes. Justamente a diferença é que enriquece. O afeto será sadio quando é para o bem do outro e não numa procura de si mesmo no egoísmo. Diz Papa Francisco: “O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne um bem para a família e esteja a serviço da vida em comum. A maturidade chega a uma família, quando a vida emotiva dos seus membros se transforma em uma sensibilidade que não domina nem obscurece as grandes opções e valores, mas segue a sua liberdade, brota dela, enriquece-a, embeleza-a e torna-a mais harmoniosa para o bem de todos” (AL 146). Vemos o Papa indo fundo na questão do amor, porque, para falar de matrimônio tem que se ir à base. Do contrário é pura fantasia.

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