segunda-feira, 20 de maio de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Ser cristão é ser honesto”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
43 ANOS SACERDOTE
(AO FUNDO O ESTIMADO PADRE BRANDÃO)
A injustiça institucionalizada. 
A liturgia da Palavra orienta a vida da comunidade. Ela deve ser conduzida na misericórdia, na fidelidade e também na justiça. Saber usar bem os bens materiais é um requisito para o uso dos bens espirituais. Religião não é para ser praticada só dentro das igrejas, mas deve penetrar todos os segmentos da vida. Ser cristão e ser honesto é o normal da vida. O profeta Amós, no século VIII antes de Cristo, critica duramente a ganância dos ricos e faz a defesa dos pobres. É o mesmo que encontramos cada dia, lemos nas páginas dos jornais e vemos nos noticiários. Há um bilhão e meio de pobres no mundo. E isso não nos toca? O mal continua presente. O pecado da ganância e da exploração permanece como um mal que provoca tantas chagas na vida e nos corpos de tantos homens e mulheres de todo o mundo. Não ver isso, já é a cegueira que o pecado provoca em nós. Esse pecado já está institucionalizado como política e economia. É o que vemos em nosso país. O bem do povo não é critério de política para os donos do poder. Explorar já é normal e sinal de esperteza. Quando morrem não levam nada. Nunca vi caminhão de mudança atrás de um caixão, diz Papa Francisco. A ganância pelo dinheiro cega a ponto de não vermos a situação dos outros nem o ridículo em que se fica. Deus é desnecessário e não se compromete com Ele no Evangelho de Jesus.
Jesus e a riqueza 
Jesus contou uma parábola sobre o administrador que usou um estratagema para arranjar outro bom emprego, ao ser despedido de seu trabalho. Ele não agiu com maldade, mas com esperteza. Tirou do que era seu para encontrar quem o acolhesse. Jesus não nega a riqueza e o bem estar. Nega o uso dos bens para o puro egoísmo e prazer. Recrimina não usá-los com justiça. A parábola é um estimulo a sabermos usar os bens com sabedoria. Jesus ensina que é preciso enriquecer-se espiritualmente usando bem seus bens materiais para reverter o quadro da miséria. É preciso ser fiel no dinheiro “injusto”. Injusto está a significar que não é um bem espiritual. Se não soubermos lidar com ele, como saberemos usar os bens espirituais? Ser fiel nas coisas pequenas é a garantia de ser fiel também nos grandes negócios. A parábola do administrador alerta para a usarmos bem os bens materiais com justiça e retidão, pois assim conquistamos os bens espirituais.
Opção pelos pobres. 
Não adianta falar contra os males da injustiça social se não fizermos uma opção clara e convincente pelos necessitados. Essa é a missão que Deus nos confere, como ao profeta Amós. Deus nos coloca em seu lugar para defendê-los. O profeta também não agradou os ricos poderosos de seu tempo. O pior ainda é ver que muitos dos poderosos que vivem na corrupção e exploração estudaram em colégios católicos ou se dizem salvos por Jesus. Onde está a evangelização? Somos convocados também a viver o espírito pobreza e tomar as atitudes de Jesus que sendo rico se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza, (2Cor 8,9). Dinheiro não entra no céu. Quem que com seus bens soube enriquecer-se de obras de serviço ao próximo está no Reino de Deus. O fundamento é sempre a vontade salvífica de Deus. Não adianta só denunciar os males, é preciso também rezar pelas autoridades para que tenhamos uma vida tranquila e serena (1Tm 2,2). A oração tem grande poder. Se rezássemos mais pelas autoridades e para a superação dos males que nos cercam, certamente haveria mudanças no mundo. A Eucaristia ensina a partilhar.
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