PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA, REDENTORISTA |
1011.
Serviremos o Senhor!
Temos
diversos momentos na História da Salvação em que o patriarca comanda sua
família e responde por ela. Josué diz ao povo que faça a opção: “Se vos parece
bem servir ao Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses a quem
serviram vossos pais, que estavam além do Rio Nilo, ou aos deuses dos amorreus,
em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15). É o mesmo
que lemos no capítulo 11 da carta aos Hebreus sobre a fidelidade dos que
suportaram grandes provações, mas mesmo assim, mantiveram a fé. Citamos o caso
dos perseguidos: “Eles de quem o mundo não era digno, erravam pelos desertos e
pelas montanhas, pelas grutas e cavernas da terra” (Hb 11,18). Não há diferença de fé entre os
homens e mulheres de hoje e os antigos que preferiram ver seus filhos mortos
que negarem a Deus como lemos em 2º Macabeus 7, no martírio dos sete irmãos e
sua mãe. Mais que um fato histórico é um princípio de fé. Podemos não chegar a
casos tão dramáticos, mas o drama do fiel cristão no dia a dia é uma batalha de
fé. Cercado por todos os lados, numa sociedade adversa, eles sabem manter sua fidelidade
a Deus. A família é a igreja fundamental. Nela se apóia o edifício da Igreja. É
ali que a fé é passada com o leite materno, com os carinhos do pai e dos
irmãos. É ali, que gota a gota, vai sendo transmitida a verdade de Jesus.
Tijolo por tijolo se constrói este edifício. Certamente não é só a família que
transmite a verdadeira fé. Mas é o fundamental. Diz a catequista Zilda Ribeiro
de Aparecida que, se dermos a formação até aos seis anos, podemos ter certeza,
que, mesmo que se extravie, acaba voltando ao ensinamento que recebeu. Há muitos
para destruir, mas há muitos para fortificar. A família é fermento que faz
crescer a massa do Reino no mundo. A Igreja, por tantos séculos foi muito
clerical. Agora o leigo assume o papel que teve desde os tempos apostólicos de
ser fermento na massa, ser luz na sociedade, ser alicerce de um mundo novo, ser
apóstolo que anuncia. Jesus era leigo, Maria era leiga, os primeiros eram
leigos.
1012.
Igreja doméstica
Aprendermos
muito sobre Igreja em sua totalidade, mas pouco sobre a igreja doméstica na
qual acontece a vida de fé. Em nada desprezamos a doutrina sobre a Igreja, mas
lembramos que a Igreja é feita de pessoas e de famílias que a constituem. Ser
Igreja doméstica é crer na presença de Jesus em seu meio, pois matrimônio é a
realização da promessa de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome, Eu estarei no meio deles” (Mt 18,20). Na família, mesmo no quadro das dificuldades e dos
pecados, se realiza o mandamento do amor: amar a Deus de corpo e alma. O
segundo mandamento é amar o próximo de corpo e alma. Nela existe a continuação
da Eucaristia na vida doada. É fácil amar à distância, mas amar dia e noite é
divino.
1013.
Missão além muros
A família não se fecha. Ela é
sacramento também de fraternidade. A família vive no meio de outras famílias,
de outras pessoas. A tendência do mal é justamente distanciar as pessoas. Aqui
entra a grande missão de família, testemunhar o amor de família para que se
viva o amor. O primeiro anúncio evangélico que a família dá é sua própria vida
de amor. Depois poderão vir as palavras, poderão vir as atividades pastorais e
os empreendimentos. Mas primeiro e necessário é ser família para que as
famílias descubram que se pode viver o Reino de Deus. O mundo só será renovado
se renovarmos as famílias como Deus quis.
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