Evangelho segundo S. Marcos 2,23-28.
Passava Jesus
através das searas num dia de sábado e os discípulos, enquanto caminhavam,
começaram a apanhar espigas.Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles
fazem ao sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes
o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus
companheiros? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e
comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e também os deu
aos companheiros». E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o
homem para o sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Aelredo de Rievaulx (1110-1167), monge cisterciense
Espelho da Caridade, III, cap. 3
«O sábado foi feito para o homem»
Quando um homem se retira do tumulto
exterior para entrar no segredo do seu coração, quando fecha a porta à multidão
ruidosa das vaidades e percorre os seus tesouros interiores, quando nada
encontra em si mesmo que esteja agitado e desordenado, nada que o atormente e o
contrarie, quando tudo nele está cheio de alegria, de harmonia, de paz e de
tranquilidade; quando o pequeno mundo dos seus pensamentos, das suas palavras e
das suas obras lhe sorri, como a família sorri ao pai numa casa onde reina a
ordem e a paz - nessa altura, surge de repente uma segurança maravilhosa. Dessa
segurança provém uma alegria extraordinária, dessa alegria resulta um canto de
satisfação e de louvor a Deus, louvor esse tanto mais fervoroso, quanto mais
claramente se compreende que tudo quanto se tem de bom é dom de Deus.
A
comemoração alegre do sábado deve ser precedida de seis dias, isto é, do
completamento das obras. Começamos por transpirar praticando boas obras, para em
seguida descansarmos na paz da nossa consciência. Dessas obras boas nasce a
pureza da consciência, que conduz a um justo amor de si mesmo, que nos permitirá
amar o próximo como a nós mesmos (Mt 22,39).
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