quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Céus, deixai cair o orvalho”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Uma Virgem conceberá
               O lamento esperançoso que acompanhou o povo pedindo o Salvador, reflete-se na liturgia. Era urgente um Salvador que caísse do Céu ou brotasse da terra (Is 45,8). O 4º domingo do Advento revive esse momento e prepara-nos para o Natal. Seu nascimento é comparado com o rei que sai do seu quarto (Sl 19,5) e vem ao encontro na entrega de amor. A abertura de coração é simbolizada pela abertura das portas ao rei da glória: “O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele possa entrar... Ele pode subir a montanha do Senhor, pois tem mãos puras e inocente o coração” (Sl 23). Neste domingo, a liturgia se volta para o nascimento de Jesus. Mateus coloca-nos a anunciação do nascimento de Jesus a José. Por que, se não é seu filho? José entra na lista dos patriarcas do povo de Deus que souberam conhecer Sua vontade. José garante a Jesus ser descendente de Davi e da raça de Abraão, pelo qual vem a bênção a todos os povos, como fora prometido (Gn 18,18). O Anjo, quer dizer, o próprio Deus, manda colocar o nome Jesus (Jehô-jeshûá, que quer dizer: O Senhor é Salvação). José lhe põe o nome significando sua paternidade terrena assumida como participação na vontade de Deus. José e Maria são a expressão acabada do resto que permaneceu fiel. José, terra de justiça, povo que permaneceu fiel e Maria, a virgem, totalmente pronta para Deus. Os tempos são maduros para o nascimento de Deus entre nós. A palavra virgem quer significar também intocada em fidelidade à aliança e aos deveres de mãe honrada. O noivado já era casamento, faltando somente a celebração festiva. O texto de Mateus sobre a origem de Jesus, traz, em poucas palavras o que devemos conhecer de Pessoa e Missão de Jesus. A concepção de Jesus é virginal, pois é Filho de Deus, por obra do Espírito Santo. Cumpre a profecia que será Deus conosco.
Participação de uma vida
               A palavra Emanuel era um grito de guerra. O rei gritava emanu (conosco) e os soldados gritavam El (Deus) – Deus está conosco. A Encarnação é a visita de Deus a seu povo, como disse Zacarias  (Lc 2,78). Não se trata somente de uma visita de Deus, mas da entrada de Deus em nosso interior, fazendo-nos participar de sua vida. Isso aconteceu pelo mistério de Cristo como um todo. Por isso rezamos: “Derramai, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela mensagem do Anjo a Encarnação de vosso Filho, cheguemos, por sua Paixão e Cruz, à gloria da Ressurreição (Oração). No início da Redenção, o Senhor é contemplado quando nasce na carne. Do seio virginal da filha de Sião germinou aquele que nos alimenta com o pão do céu e garante a todos o gênero humano a salvação e a paz... Se grande é nossa culpa, maior se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo (Prefácio). Jesus não passou por nós, veio ser nossa vida.
Uma missão
               Em cada missa invocamos o Espírito para santificar o pão e o vinho com a mesma intensidade que fecundou o seio de Maria (oferendas). Estamos assim, na continuada Encarnação. Temos entre nós o Emanuel. É preciso reconhecer essa presença. Mas ela é também uma missão. Como Paulo, somos escolhidos por Deus para o apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos para a glória de seu nome. Aceitar a Encarnação é  contemplar um Menino, mas implantar o Reino de Deus no mundo. 

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