O
lamento esperançoso que acompanhou o povo pedindo o Salvador, reflete-se na
liturgia. Era urgente um Salvador que caísse do Céu ou brotasse da terra (Is 45,8). O 4º
domingo do Advento revive esse momento e prepara-nos para o Natal. Seu
nascimento é comparado com o rei que sai do seu quarto (Sl 19,5) e vem ao encontro na entrega
de amor. A abertura de coração é simbolizada pela abertura das portas ao rei da
glória: “O rei da glória é o Senhor onipotente; abri as portas para que ele
possa entrar... Ele pode subir a montanha do Senhor, pois tem mãos puras e
inocente o coração” (Sl
23). Neste domingo, a liturgia se volta para o nascimento de Jesus.
Mateus coloca-nos a anunciação do nascimento de Jesus a José. Por que, se não é
seu filho? José entra na lista dos patriarcas do povo de Deus que souberam
conhecer Sua vontade. José garante a Jesus ser descendente de Davi e da raça de
Abraão, pelo qual vem a bênção a todos os povos, como fora prometido (Gn 18,18). O Anjo,
quer dizer, o próprio Deus, manda colocar o nome Jesus (Jehô-jeshûá, que quer
dizer: O Senhor é Salvação). José lhe põe o nome significando sua paternidade
terrena assumida como participação na vontade de Deus. José e Maria são a
expressão acabada do resto que permaneceu fiel. José, terra de justiça, povo
que permaneceu fiel e Maria, a virgem, totalmente pronta para Deus. Os tempos
são maduros para o nascimento de Deus entre nós. A palavra virgem quer
significar também intocada em fidelidade à aliança e aos deveres de mãe honrada.
O noivado já era casamento, faltando somente a celebração festiva. O texto de
Mateus sobre a origem de Jesus, traz, em poucas palavras o que devemos conhecer
de Pessoa e Missão de Jesus. A concepção de Jesus é virginal, pois é Filho de
Deus, por obra do Espírito Santo. Cumpre a profecia que será Deus conosco.
Participação de uma vida
A
palavra Emanuel era um grito de
guerra. O rei gritava emanu (conosco) e os soldados gritavam El (Deus) – Deus
está conosco. A Encarnação é a visita de Deus a seu povo, como disse
Zacarias (Lc 2,78). Não se trata somente de uma visita
de Deus, mas da entrada de Deus em nosso interior, fazendo-nos participar de
sua vida. Isso aconteceu pelo mistério de Cristo como um todo. Por isso
rezamos: “Derramai, a vossa graça em nossos corações, para que, conhecendo pela
mensagem do Anjo a Encarnação de vosso Filho, cheguemos, por sua Paixão e Cruz,
à gloria da Ressurreição (Oração).
No início da Redenção, o Senhor é contemplado quando nasce na carne. Do seio
virginal da filha de Sião germinou aquele que nos alimenta com o pão do céu e
garante a todos o gênero humano a salvação e a paz... Se grande é nossa culpa, maior
se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo (Prefácio). Jesus não passou por nós, veio
ser nossa vida.
Uma missão
Em
cada missa invocamos o Espírito para santificar o pão e o vinho com a mesma
intensidade que fecundou o seio de Maria (oferendas). Estamos assim, na continuada
Encarnação. Temos entre nós o Emanuel. É preciso reconhecer essa presença. Mas
ela é também uma missão. Como Paulo, somos escolhidos por Deus para o
apostolado, a fim de podermos trazer à obediência da fé todos os povos para a
glória de seu nome. Aceitar a Encarnação é
contemplar um Menino, mas implantar o Reino de Deus no mundo.
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