PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
“Felizes sois vós”
Um ensinamento de vida!
O Evangelho de
Mateus compõe-se de discursos nos quais coleta os
ensinamentos fundamentais de Jesus. Temos na liturgia de hoje a leitura da
introdução ao discurso da Montanha. Como Moisés que, do alto do Monte Sinai
trouxe e lei de Deus, Jesus apresenta a Nova Lei. Aquela lei fora promulgada
entre raios e trovões. Aí nasceu o povo. No monte das Bem-Aventuranças Jesus
delineia o caminho do novo homem. Quem O ouve fica feliz. Jesus inicia propondo
oito pilares desse novo povo. Basta dar estes oito passos para entrar no Reino.
As bem-aventuranças são um retrato de Jesus a ser feito em nós. Jesus enfrentou
inimigos fortes que O recusavam. Mas teve sempre uma palavra e um acolhimento
carinhoso para com os fracos, os doentes e os pobres. A opção de Jesus para
atender primeiro os frágeis, vem justamente da situação da maioria do povo que
estava fragilizada de tantos modos. Desde o Antigo Testamento Deus deu
particular atenção aos fracos como lemos no salmo 145. As leis protegiam os
necessitados, mas não eram seguidas. As esperanças do povo se concretizaram num
pequeno grupo que o profeta chama de resto
de Israel. Eles colocaram sua esperança em Deus. Nele se estabelece a
certeza da salvação que Deus oferece. Eles acolheram Jesus. É por isso que
Jesus vai descrevê-los deste modo tão bonito: “Bem aventurados os pobres em
espírito!” São eles o resto fiel. Maria, José e os primeiros discípulos
pertenciam a esse grupo que tinha a esperança.
Perfil do cristão feliz
Cada cristão apresenta um aspecto das
bem-aventuranças. A pobreza do cristão significa ser empobrecido e necessitado
de Deus. Deus é a única riqueza que nos faz felizes. Nas dores sabem ter o
consolo em Deus. É manso porque sabe estar bem com tudo. O que tem fome e sede
de justiça Divina quer o bem de todos. O misericordioso é o que tem o coração
do Pai. O puro de coração é o que vem de Deus. O promotor da paz vive a paz em
si pelo contato com Deus e assim pode implantá-lo no mundo. O perseguido por
causa da justiça sofre o que Ele sofreu e recebe que Ele recebeu. É o que se
constata nas atitudes de Jesus e em suas palavras: pensa diferente do mundo.
Com isso surge a oposição. Para o mundo a felicidade é o contrário das
bem-aventuranças: riqueza, poder, despreocupação, injustiça, falta de perdão,
agressividade, oposição a Cristo e seus fiéis. A salvação que Jesus oferece
quer tirar o homem da situação do mal que tem seus inúmeros frutos perniciosos.
Jesus cura o homem por dentro.
Um projeto de vida
Como realizar essas bem-aventuranças? O
primeiro passo é estar unido a Cristo que é a Bem-Aventurança. Nele estão todas
as virtudes, pois Ele é a Virtude. Os bons atos e o esforço pessoal são
necessários. As bem-aventuranças não são bolas de Natal colocadas na árvore, mas
frutos que vêm da árvore que é Cristo. É Ele quem produz fruto em nós e nós
cooperamos para que sejam abundantes. O primeiro testemunho que os cristãos
podem oferecer será sempre sua vida curtida no projeto de Jesus. Assim foi
Jesus, assim devem ser seus seguidores. A Eucaristia é meio de nos unirmos a
Cristo que é a seiva Divina que produz os frutos em nós. A educação cristã do
discípulo deve passar por esses pontos fundamentais. É inútil uma fé, sem uma
vivência concreta do projeto de Jesus. Nele podemos amadurecer Naquele que, por
primeiro, viveu as bem-aventuranças.
Leituras: Sofonias 2,3;3,12-13; Salmo 145; 1Coríntios
1,26-31; Mateus 5,1-12ª
1.
Jesus propõe as
oito bem-aventuranças como o caminho para o novo povo de Deus viver o Reino.
2.
Cada cristão apresenta um aspecto das bem-aventuranças.
Que não acolhe Jesus gera males que não dão
produzem a felicidade.
3.
As bem-aventuranças são a seiva da árvore que é Cristo
que produz frutos em nós. Acolhendo Cristo, somos o que Ele é.
Aprendendo a ser gente
S.
Mateus, ao narrar o início da missão de Jesus, faz em poucas palavras, uma
síntese de tudo o que iria ensinar. Primeiramente narra o início da vida de
Jesus e no final a Paixão. Entre esses dois pólos, coloca cinco partes que
englobam o ensinamento de Jesus. Iniciamos com o sermão da montanha. E neste,
as bem-aventuranças. Elas são o fio que une e resume todo ensinamento de Jesus.
Não são somente palavras, mas é o retrato falado de Jesus. Ele era assim. Às
vezes procuramos o tipo físico de Jesus. Esse não é necessário. É bom saber seu
tipo humano-espiritual. Assim como Ele foi, assim devemos ser.
Gastamos muitas palavras para
explicar a doutrina. Jesus com poucas frases apresentava tudo. É como vemos no
texto de hoje. Primeiramente notemos que a primeira leitura nos diz quem são os
humildes. Eles mantêm viva a esperança. E Deus cuida deles, como nos conta o
salmo 145.
Jesus enumera oito atitudes de vida
que servem para orientar em nosso cotidiano. Está a dizer: Vivendo desse jeito,
estão vivendo o evangelho. É curioso que procuramos tantos modos de viver e
deixamos de lado aquele que Jesus oferece.
O que nos ensina: Ser pobre de
espírito, desapegado de tudo o que possa destruir a riqueza do Evangelho. Quem
é pobre se preocupa em viver bem e que os outros vivam bem. Essa preocupação
não prejudica o relacionamento, pois a mansidão cabe em qualquer lugar. Desse
modo, com serenidade vai buscar a justiça em todos os sentidos, pois sem ela
não se vive bem. Para não prejudicar os outros, quando vivemos procurando o bem,
temos que ter misericórdia. Assim seremos entendidos. O que buscamos não tem má
intenção. A pureza de o coração não é só afeto, mas é transparência dos olhos e
das atitudes. Isso nos deixa em paz e não atropelamos os outros.
Certamente que nem todo mundo concorda com esse nosso caminho. Daí
surge a perseguição por causa de Jesus e seu ensinamento. Não há problema, pois
já conquistamos o Céu e com grandes recompensas. A maior delas é ver que outros
creram em Jesus e seguem o mesmo caminho.
Tudo muito simples. Quanto mais fazemos como Jesus, mais gente seremos.
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