PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
|
882.Deus
que me toca
Por
Deus, ou a gente se enlouquece, ou O esquece. O que vemos na sociedade é o
esquecimento voluntário de Deus. Penso que seja um procedimento marcado pelo
medo de não suportar sua presença e de complicar nossa vida. Para conhecê-lo
mais e melhor, temos que entender o conceito de sagrado: Deus é “tremendo e fascinante”. O temor
reverencial de Deus tem a dupla sensação de afastar-se e ao mesmo tempo de
lançar-se em Sua direção. Se há um afastamento é porque não sabemos ainda
descobrir quem Ele é, e como viver com Ele. Deus nos envolve por inteiro e está
em nosso interior. Deus é o mais íntimo de nosso íntimo. É um Deus que nos
toca. Não se trata de um panteísmo, no qual tudo é Deus, mas de uma presença. O
toque divino se expressa em nós através das mais diversas maneiras. Nós O
ouvimos nos elementos da natureza, nas pessoas e nos acontecimentos. Nós o
vemos nas belezas e tristezas da vida; nas dores e nas alegrias; nas maravilhas
do universo e na pequenez dos elementos; nos trabalhos e nas artes. Nós O
percebemos no toque amoroso e no grotesco da maldade. No campo de concentração de
Auschwitz na Polônia, estavam enforcando um garoto. Ele esperneava dependurado
e não morria. Os prisioneiros assistiam. Um disse: “Onde está Deus?”. Um outro respondeu: “Lá! Dependurado!”. São
toques de Deus. Quando dizemos que quem não encontra Deus pelo amor, vai
encontrá-lo pela dor, não é um fatalismo, mas a verdade da presença de Deus nos
momentos dolorosos. É bem certo que, quem é de Deus, percebe onde Ele está. S.
Paulo comenta que se pode conhecê-lo pela natureza: “Sua realidade invisível –
seu eterno poder eterno e sua divindade - tornou-se inteligível, desde criação do mundo, através das criaturas, de
sorte que não existe desculpa” (Rm 1,20). Posso recusar, mas não negar sua presença. Se optar
por desconhecê-Lo, não serei castigado, mas desequilibrarei minha natureza de
pessoa, como continua Paulo em sua carta aos Romanos. Não somos diferentes dos
leitores de Paulo.
883.
Um Deus à mão
Para
quem acolhe, como nós que O conhecemos através de Jesus e agora através dos
muitos modos à nossa disposição, temos a certeza de sua presença e podemos
sempre buscá-lo. Podemos encontrá-Lo sempre à mão, não só como uma ajuda, se
bem que Deus não seja pronto socorro nem supermercado gratuito. Está sempre
próximo e atende imediatamente, como reza o salmo dizendo que ainda estava
pedindo e já brotavam palavras de agradecimento. Mais que socorro, Deus é dado
ao amor bondoso que nos acaricia. Nós fazemos silêncio para perceber as
carícias da natureza e das pessoas, dos acontecimentos, sentindo o afeto que nos
é demonstrado como carícias de Deus.
884. Mãos
estendidas de Deus
Para se tornar mais palpável a
presença de Deus e seu toque Divino, o Pai amoroso enviou seu Filho dileto que,
tocou toda a humanidade assumindo nosso carne, fazendo-se criatura humana como
todos nós. Assim, unidos à divindade de Jesus por nossa carne, continuamos sua
missão de ser a mão estendida do Pai a tocar. Vemos, nos evangelhos, o quanto
Jesus tocou para que os necessitados tivessem vida, saúde e sentissem carinho,
como as crianças. Quando estendemos a mão, somos a mão estendida do Pai que
quer continuar amando, acolhendo, dando vida, consolando através de nós. A
espiritualidade nos ensina a cada vez mais sentir a presença dele que nos toca
e toca através de nós.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário