PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
685. Vocação do leigo em queda
A
melhor maneira de viver a santidade é o Evangelho, pois “quando se lêem os
evangelhos é Cristo quem nos fala”. Jesus é a Palavra de Deus encarnada. O texto
bíblico é o melhor modo de Deus nos falar, pois é Palavra inspirada pelo Espírito
Santo. É nessa Palavra que devemos crescer na santidade. Vamos ser sinceros e
examinar nossos modos de santificação, tanto da Igreja católica como das outras
comunidades. Há muitos elementos que vem de fontes particulares, boas, às quais
damos mais valor que à Palavra. Pior ainda é usar a Palavra para provar nossas
idéias. Certo que podemos acrescentar elementos culturais ou pessoais no
caminho da santidade. Mas, o fundamento deve ser sempre a Palavra. As primeiras
gerações cristãs fizeram esse caminho: “Eles se mostravam assíduos ao
ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações” (At 2,42). Era uma espiritualidade para todos.
Não havia uma particular para o clero e outra para o povo. Com essa separação
empobreceu a vocação do leigo e se tornou sempre mais uma coisa do clero. Chegou-se
ao extremo de dizer: alguns são chamados à grande santidade, o povinho, para
eles bastam os 10 mandamentos. Essa mentalidade existe ainda, em determinados
setores. Essa queda da vocação do leigo surge já no tempo dos monges do
deserto: o povo, vivia a realidade familiar social com a espiritualidade dos
monges. Viviam a espiritualidade do monaquismo. A vida dos monges era o ideal. Não
havia uma espiritualidade leiga. Agora há um caminho para os leigos. Mas não
chegou às massas.
686. Povos novos
Com
o fim do Império Romano, fruto da decadência e invasões dos novos povos,
chamados de bárbaros pelos gregos, a Igreja recebeu uma população nova, que
teve que ser evangelizada. Essa evangelização durou séculos. Os mosteiros
beneditinos, espalhados por toda Europa, foram os centros de evangelização. As
populações estavam ligadas ao mosteiro, no qual aprendiam a trabalhar ou
estudar (alguns) e no qual rezavam. As cidades decaíram. A espiritualidade
passou a ser bebida na vida monacal. Mais uma vez perde-se o filão. Estes povos
novos, vindos de longe, de culturas diferentes, com riquezas novas, trouxeram
ao gênio romano um conceito novo de unidade de corpo e alma e não somente
intelecto. Se não fossem os mosteiros, estaríamos na situação dos povos da Ásia
ou África.
687. Santidade não é só de padres.
Não
criticando, a Igreja convida os leigos a rezarem o mesmo Ofício que rezam os
padres e freiras. Certo que alguns podem fazê-lo. Mas o povo pode? Por isso
criaram as devoções para preencher o vazio. Perdeu-se o elo da santidade do
leigo, sobretudo o casado. Prova? Quantos santos casados temos? Há, por acaso,
na sua diocese, uma paróquia cujos padroeiros sejam os santos compadres Sô
Antonio e dona Julieta? Só a virgindade santifica? O matrimônio, não é
sacramento que confere a graça? João Paulo II dizia que ele fora quem mais canonizara
ou beatificara leigos, o jovem Frassati, o banqueiro Tovino, os pastorizinhos
de Fátima, como também o casal Luigi e Maria B. Quatroqui e agora temos os
beatos Luis e Zélia Guerin, os pais de Santa Terezinha. Em Roma há uma paróquia
para o casal martir Áquila e Priscila.
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