PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Um rei crucificado
A festa de Cristo Rei era celebrada no último
domingo de outubro. A idéia da celebração era reforçar o poder de Jesus Cristo
sobre todo o universo. Com a reforma, a festa passou para o final do ano
litúrgico, para significar que Cristo é o ponto de convergência de todo o ano
da vida da Igreja, porque “por meio dEle e para Ele foram feitas todas as
coisas” (Cl 1,16). Ele é o Rei que realizou a redenção através da cruz, quando abriu
as portas do Paraíso, dizendo ao malfeitor: “Ainda hoje estará comigo no
Paraíso” (Lc 23,43). A Cruz é o trono do grande Rei. A história da piedade
colocou em Cristo uma coroa preciosa, mantos reais, pedras preciosas, cetro,
globo nas mãos. Ele é rei sim, mas não se enfileira aos reis da história. O
“meu reino não é desse mundo”, diz a Pilatos. No episódio do diálogo dos dois malfeitores
aparece a tentação de Jesus sobre sua missão de Cristo e seu poder de salvação:
“Tu não és o Cristo? Salva-te a Ti mesmo e nós!” (39). Os poderes da terra o
atacam: o religioso pela boca dos chefes do povo, o civil, pela boca dos
soldados, e o poder político, pela boca do malfeitor. Ele não correspondeu a suas
expectativas. Cristo mostra seu poder, não de uma salvação individualista, mas
abre a todos as portas do Paraíso. O homem pode voltar ao seu original, sua
casa, sua terra, seu jardim, o Céu. Ele corresponde ao projeto do Pai no poder
de redenção. O outro malfeitor recorda o temor de Deus: “Não temes a Deus...
nós merecemos. Ele não fez nada de mal” (40-41). Ele é o Justo Inocente. O
único Inocente torna inocente a todos aceita pelo Pai. Por isso pode dizer:
como Deus Fiel, falo a ti: “Hoje estarás comigo no Paraíso”! Hoje é o dia de
Deus, dia em que se realiza o Desígnio de Deus, redenção em ato. Hoje está a dizer o
Reino está aqui. A morte dEle é salvífica. Cristo é o Rei que apascenta o povo
de Deus.
Reconciliação, serviço a Deus
Paulo, na carta aos Colossenses, descreve aos
fiéis o que a redenção realiza em suas vidas: “Ele vos tornou capazes de
participar da luz, que é a herança dos santos. Ele nos libertou do poder das
trevas e nos recebeu no Reino de seu Filho amado, por quem nós temos a redenção
e a remissão dos pecados” (Cl 1,12-14). Por isso damos graças ao Pai pelo que
realizou por nós. Cristo é o centro de tudo. ‘É imagem do Pai, primogênito de
toda criação’. A razão do mundo está nEle: ‘Por causa dele foram feitas todas
as coisas, celestes e terrestres’; É criador com Pai e finalidade da criação:
‘Tudo foi criado por meio dEle e para Ele’; Tudo nele tem sua consistência pois
é ‘a Cabeça do Corpo, Princípio, Primogênito dos mortos’; ‘Nele habita a
plenitude de Deus’. Nele, natureza humana e divina, Deus realiza a
reconciliação de todos os seres, realizando a paz pelo sangue de sua cruz. Cristo,
servidor, serve ao Pai no serviço a todos os seres.
Glorificar a Deus
O reconhecimento de Cristo como Rei do Universo,
centro para o qual tudo se dirige, não é só um reconhecimento, mas um ato de
culto ao Pai. Louvando o Filho, nós glorificamos o Pai. A verdade da fé, não
está em aceitar doutrinas e modos de piedade, mas acolher uma pessoa, Jesus
Cristo. E com Ele entregamos ao Pai o Reino de verdade e de vida, santidade e
graça, justiça amor e paz. Tudo o que fizermos ao menor, é a Ele que estamos
fazendo. Todo fiel, se for consciente de sua adesão a Ele, seja consciente de
que seu caminho e de cruz. Não há redenção sem a cruz. Ela é a chave da porta
do Céu e dos tesouros de Deus. Em toda a celebração nós dizemos: Por Cristo,
com Cristo e em Cristo, a Vós, Deus Pais, todo poderoso, toda honra e toda a
glória, agora e para sempre.
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