Evangelho segundo S. João 1,47-51.
Naquele
tempo, Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse: «Eis um
verdadeiro israelita, em quem não há fingimento». Perguntou-lhe Natanael:
«De onde me conheces?». Jesus respondeu-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu
vi-te quando estavas debaixo da figueira». Disse-lhe Natanael: «Mestre, Tu
és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!». Jesus respondeu: «Porque te
disse: ‘Eu vi-te debaixo da figueira’, acreditas. Verás coisas maiores do que
estas». E acrescentou: «Em verdade, em verdade vos digo: Vereis o Céu aberto
e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Basílio (c. 330-379), monge,
bispo de Cesareia da Capadócia, doutor da Igreja
Tratado do Espírito Santo,
cap. 16
A santidade dos anjos
«Os Céus foram consolidados pela palavra do
Senhor e todo o seu exército pelo sopro da sua boca» (Sl 32,6). [...] É difícil
deixarmos de pensar na Trindade: o Senhor que ordena, a Palavra que cria, o
Sopro que consolida. O que quer dizer «consolidar», senão perfazer em santidade,
designando seguramente esta palavra o facto de estar solidamente fixado no bem?
Mas, sem o Espírito Santo, não há santidade: as potestades do céu não são santas
pela sua própria natureza, senão não se distinguiriam do Espírito Santo; cada
uma delas detém do Espírito a medida da sua santidade.
A substância
dos anjos é talvez um sopro aéreo ou um fogo imaterial. Diz o salmo: «Tens os
ventos por mensageiros, por servidor uma chama de fogo» (Sl 103,4). É por isso
que podem estar num sítio e de seguida tornar-se visíveis sob um aspecto
corporal para aqueles que são dignos disso. Mas a santidade [...] é-lhes
comunicada pelo Espírito. E os anjos mantêm-se na sua dignidade perseverando no
bem, mantendo a sua escolha; eles escolhem nunca se afastar do verdadeiro bem.
[...]
Como diriam os anjos: «Glória a Deus no mais alto dos céus»
(Lc 2,14) senão pelo Espírito? Na verdade, «ninguém pode dizer: “Jesus é o
Senhor”, senão no Espírito Santo, e ninguém, se falar no Espírito de Deus, diz:
“maldito seja Jesus”» (1Cor 12,3). É precisamente o que terão dito os espíritos
maus, adversários de Deus, [...] no seu livre arbítrio. [...] Poderiam as
potestades invisíveis (Col 1,16) ter uma vida feliz se não vissem
incessantemente a face do Pai que está nos céus? (Mt 18,10) Ora, não se pode ter
essa visão sem o Espírito. [...] Diriam os serafins: «Santo, Santo, Santo» (Is
6,3) se o Espírito lhes não tivesse ensinado esse louvor? Se todos os seus anjos
e todas as potestades celestes louvam a Deus (Sl 148,2), se milhares de milhares
de anjos e inumeráveis miríades de ministros se conservam perto dele, é pela
força do Espírito Santo que rege toda esta harmonia celeste e indizível, ao
serviço de Deus e em acordo mútuo.
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