Evangelho segundo S. Mateus 9,9-13.
Naquele
tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto
de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu
Jesus. Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos
publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos. Vendo
isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre
come com os publicanos e os pecadores?» Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são
os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes. Ide aprender o
que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar
os justos, mas os pecadores».
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo, mártir - Contra
as heresias, III, 11, 8-9
Não pode haver mais nem menos evangelhos.
Com efeito, uma vez que são quatro as regiões do mundo no qual nos encontramos,
e quatro os ventos principais, e uma vez que, por outro lado, a Igreja está
espalhada por toda a terra e tem por «coluna e sustentáculo» (1Tim 3,15) o
Evangelho e o Espírito da vida, é natural que haja quatro colunas que sopram a
imortalidade de todos os lados e dão vida aos homens. Quando o Verbo, o artesão
do universo, que tem o trono sobre os querubins e que sustenta todas as coisas
(Sl 79,2; Heb 1,3), Se manifestou aos homens, deu-nos um evangelho com quatro
formas, embora mantido por um único Espírito. Implorando a sua vinda, David
dizia: «Manifestai-Vos, Vós que tendes o vosso trono sobre os querubins» (Sl,
79,2). Porque os querubins têm quatro figuras (Ez 1,6), que são as imagens da
actividade do Filho de Deus.
«O primeiro [destes seres vivos] era
semelhante a um leão» (Ap 4,7), e caracteriza o poder, a preeminência e a
realeza do Filho de Deus; «o segundo, a um touro», manifestando a sua função de
sacrificador e de sacerdote; «o terceiro tinha um rosto como que de homem»,
evocando claramente a sua face humana; «o quarto era semelhante a uma águia em
pleno voo», indicando o dom do Espírito que paira sobre a Igreja. Os evangelhos
segundo João, Lucas, Mateus e Marcos estão, pois, de acordo com estes seres
vivos sobre os quais Cristo Jesus tem o seu trono. […]
Encontramos
estes mesmos traços no próprio Verbo de Deus; aos patriarcas que existiram antes
de Moisés, falava Ele segundo a sua divindade e a sua glória; aos homens que
viveram sob a Lei, atribuiu uma função sacerdotal e ministerial; em seguida,
fez-Se homem por nós; por fim, enviou o dom do Espírito a toda a terra,
escondendo-os à sombra das suas asas (Sl 16,8). […] São, pois, fúteis,
ignorantes e presunçosos os que rejeitam a forma como se apresenta o evangelho,
ou nele introduzem um número de figuras maior ou menor do que as que referimos.
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