PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Catequese
sobre a riqueza
Jesus instrui os discípulos enquanto
caminha para Jerusalém. Seus ensinamentos se dirigem à vida da caridade, da
oração, dos bens materiais. Tudo isso já conheciam pela tradição. Jesus dá um
direcionamento novo. Na mentalidade do Antigo Testamento, a abundância de bens
era sinal da bênção de Deus. No ensinamento de Jesus o verdadeiro tesouro está
no Céu, “onde os ladrões não roubam nem a traça corrói” (Mt 6,19-20). Ele
afirma: “Tomai cuidado contra todo o tipo de ganância, porque, mesmo que alguém
tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância dos bens”
(Lc 12,15). Na reflexão do Novo Testamento a cobiça, o egoísmo, a estupidez e a
injustiça são males que prejudicam a vida do homem. Paulo chama a cobiça de
idolatria (Cl 3,5). Adorar os bens materiais é um grande mal, como lemos nas
tentações de Jesus. A ambição desmedida sai do coração do homem e o torna
impuro (Mc 7,22). Paulo, aos Romanos, coloca a ambição ao lado dos pecados de
imoralidade que obscurecem a mente, não permitindo encontrar a Deus (Rm 1,29).
A cobiça dos bens muda os interesses da pessoa, levando-a ao desequilíbrio no
relacionamento com Deus, com as pessoas e com a natureza. O homem não pode
perder de vista o reto valor dos bens, pois pode perder o sentido da vida e a
vida de um momento para outro. A vida não está nos bens (Lc 12,15). Viver bem
com os bens é já ressurreição, como escreve Paulo: “esforçai-vos por alcançar
as coisas do alto onde está Cristo ... aspirai às coisas celestes e não às
coisas terrestres” (Cl 3,1-2).
A
fartura que empobrece
A parábola contada por Jesus não condena os bens, mas a loucura de
querer pensar só nos bens materiais: “Meu caro, tu tens uma boa reserva para
muitos anos. Descansa, come bem, aproveita!’ Mas Deus lhe diz: ‘Louco! Ainda
esta noite pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu
acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si , mas não é rico
diante de Deus” (Lc 12,20). Jesus quer que todos tenham vida e tirem vida para
Deus de tudo o que possuem. É belo ver as pessoas progredirem,
produzirem fartura. O mundo está cada vez mais pronto para dar fartura a todas
as pessoas, mas infelizmente temos conhecimento de que a maior parte da
humanidade passa dificuldades. É o desejo desenfreado de ter mais e viver em
grande consumismo. O infeliz da parábola amontoa bens para seu prazer. Jesus
chama-o de “sem inteligência”. O termo grego “aphoron” significa falta total de inteligência. Inteligente
é ser rico aos olhos de Deus. Entesourar para o céu. Tudo isso é vaidade. Santo Agostinho diz: “se amas a terra,
serás terra, se amas a Deus serás Deus”. A fartura que empobrece o coração.
Ensinai-nos
a contar nossos dias
O salmo reza: “Ensinai-nos a contar
bem nossos dias e assim teremos um coração sábio” (Sl 90,12). A sabedoria
ensina-nos a ter sempre a eternidade à vista. O insensato morreu no próprio
egoísmo, que é uma das características do homem velho. “Fazei morrer em vós o
que pertence à terra: imoralidade, paixão... cobiça... Vós já vos despojastes
do homem velho e de sua maneira de agir e vos revestistes do homem novo, que se
renova segundo a imagem de seu Criador” (Cl 3,9-10). Homem novo busca as
realidades do céu (13,1). “Que resta ao homem de todos os trabalhos e
preocupações que o desgastam debaixo do sol?” (Ecl 2,22). “Ajuntai tesouros no
céu” (Mt 6,20a). Na Eucaristia os bens materiais tornam-se Corpo e Sangue de
Cristo. Aí sim temos o tesouro e a inteligência.
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