PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Uma
fé vigilante
No caminho para Jerusalém, Jesus
continua a instrução dos discípulos. Reflete com eles sobre o uso dos bens e
sobre a confiança. Jesus explicou o grande valor da confiança em Deus (Lc
12,32-48): Se o Pai veste e cuida das flores e dos pássaros, que são tão belos
e vivem felizes, quanto mais de nós! Não precisamos nos preocupar nem ter medo,
pois o Pai nos dará muito mais, o Reino. Nele deve estar nosso coração, pois é
nosso tesouro (Lc 12,22-34). A fé exige despojamento para colocar no Reino
nossa riqueza. O uso dos bens se faz pela caridade para que a vida seja boa
para todos. Nada de cobiça e acúmulo desnecessário! Com nossos bens compramos o
“tesouro” (Lc 12,32-34). Lembremo-nos da parábola do tesouro e da pérola pelos
quais vale perder tudo (Mt 13,44-45). A atitude de confiança e entrega nas mãos
do Pai leva-nos a estar vigilantes, quer dizer, não perder a direção de nossa
escolha. A carta aos Hebreus (11,1-40) descreve como os antepassados viveram
pela fé e por ela regularam suas vidas. A fé conduz a atitudes coerentes. Ela
era uma força interior que os animava, mesmo sem terem chegado a conquistar a
realização das promessas. A fé nos convida à vigilância, esperando o Senhor
chegar a qualquer momento (Lc 12,35). Quem espera está pronto: “com os rins
cingidos e as lâmpadas acesas”. A vigilância tem como fruto a comunhão com o
Senhor. “Ele próprio nos fará sentar à mesa e nos servirá” pois a Sabedoria nos
preparou um banquete (Pr 9,1-6). A fé vigilante espera a cada momento o Senhor.
A abertura ao encontro com Deus não é um medo de um final perigoso, mas é um
presente como tempo oportuno, o hoje de Deus.
A
unidade na mesma fé
A
Palavra do livro da Sabedoria relata que os sofredores se uniram, fizeram uma
aliança entre si, ofereceram sacrifícios e puseram seus bens em comum. Assim , mesmo
sofrendo, já cantavam as vitórias de Deus (Sb 18,6-9). A fé os fortaleceu, pois
tinham esperança na ação de Deus. Os antepassados foram capazes de caminhar,
não só espiritualmente, mas também fisicamente, sem chegar à realização da
promessa. Buscavam uma cidade que estava por vir, como Abraão (Hb 11,10);
Moisés caminhava como se visse o invisível (27). Tantos justos perseguidos
viviam escondidos nas tocas e desertos, eles, de quem o mundo não era digno,
uniram-se em torno da mesma fé (36-38). Unidos fortaleceram sua fé e decisão
pelo que esperavam. A fé nos une, pela caridade, em um único corpo que espera
vigilante a vinda do Senhor.
Muito
será exigido dos responsáveis
A
Palavra do Evangelho continua a explicitar a responsabilidade dos que dirigem o
povo de Deus. Pedro pergunta se a parábola se refere a eles também. Jesus
afirma maior responsabilidade e conclui dizendo que “a quem muito foi dado,
muito será pedido. A quem muito foi confiado, muito mais será exigido” (Lc
12,41.48). Essa Palavra aprova os bons administradores do povo de Deus e
convoca a uma atitude de vigilância muito maior, pois a ele foi confiada a
guarda do povo de Deus. Por essas palavras entendemos que o apóstolo, e todo
aquele que tem responsabilidade sobre o povo de Deus, deve ser um homem ou
mulher de fé coerente e arrojada. As palavras de Jesus, não tenhais medo, referem-se também a eles. Não é possível conduzir
o povo sem uma santidade consistente e arrojada. A fé celebra a Eucaristia para
viver na aliança com Deus e entre si, para suportar os sofrimentos e estar
pronto para o momento que o Senhor chegar.
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