PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Religião
complica a vida?
Jesus
caminha para Jerusalém, onde completará sua missão em sua entrega ao Pai e em
sua glorificação. No caminho alguém lhe pergunta: “Senhor, é verdade que são
poucos os que se salvam?” (Lc 13,23). A questão da salvação é sempre um
mistério. Isso não justifica que inventemos soluções, mas as procuremos no
próprio Jesus, que é o único salvador. Surgiram muitos salvadores no correr da
história. O próprio imperador romano se dizia salvador do povo. Mesmo hoje
aparecem salvadores prometendo salvação. É o próprio Jesus quem responde:
“Fazei todo o esforço para entrar pela porta estreita” (24). Não adianta
somente ter estado com Jesus, dizer que comeram e beberam com Ele. Ou escutaram
sua doutrina. Ou mesmo ter nome de cristão. Não é a religião que salva. ‘Entrei
nessa religião ou nesse grupo, estou salvo’. O que salva é o fazer o que Ele
propõe. Ele não aceita os que praticam a injustiça. Por aí já temos uma
solução. Quem vai se salvar são aqueles que, mesmo sem conhecer a Deus como
conhecemos, fizeram o que Deus quer. A porta é estreita, mas é aberta para
todos os que queiram praticar a justiça, como ouvimos na Palavra de hoje: Todos
que assim fizerem, mesmo que não tenham recebido o anúncio da Igreja, estarão
passando pela porta estreita. A religião não é complicada, somos nós que nos
complicamos. Vemos tantas leis e tantos mandamentos. Jesus condensa tudo no
amor. Não é complicado. O peso da religião vem de nossa canseira provocada pelo
egoísmo e orgulho. Deus quer que todos cheguemos à salvação por meio de Jesus.
A liberdade de ser salvo nos liberta de todas as cadeias. Quanto mais de Jesus,
mais pura a religião.
Um Reino
para todos
Jesus afirma: “Virão homens do
oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa do Reino de
Deus”. O profeta Isaías anuncia essa visão universalista que foi uma questão
complicada para o povo de Israel e às vezes o é para os cristãos. Os judeus
tinham uma visão estreita, dando-se o direito de serem o único povo de Deus,
mesmo diante de uma profecia tão linda como essa de Isaías. Perdeu a noção de
profeta das nações. Deus escolheu um povo para si e para cumprir uma missão e não
para ser dono de um Deus. Corremos o mesmo risco de nos fecharmos em um esquema
de trazer os povos para nós e não levar o evangelho para os povos. Por aí
podemos ver os erros da evangelização. Somos culpados pelo fato de tantos povos
estarem distantes do evangelho. Eles têm as sementes do Evangelho. A nós
compete ajudá-los a fazê-las crescer e anunciar as riquezas da graça de Deus.
Deus é justo, é santo. Praticar a justiça é viver conforme essa justiça e
santidade de Deus. Se não acreditarmos em um Deus para todos, como seria a situação dos
outros? Jesus acentua “que últimos serão primeiros e primeiros serão últimos”
(Lc 13,30).
Deus corrige a quem ama
A
Palavra de Deus na carta aos Hebreus acentua uns elementos a mais que
contribuem para entender a porta estreita: “Não desprezes a educação do Senhor,
não desanimes quando Ele te repreender; pois o Senhor corrige a quem Ele ama e
castiga a quem aceita como filho” [...] “Qual é o Filho a quem o pai não
corrige?” (Hb 12,5-7). Por aqui podemos perceber que há um caminho não difícil
ou impossível. A vida tem que ser atenta a encontrar os melhores caminhos,
superar as dificuldades e vencer os erros que cometemos na caminhada. Isso é a
educação de Deus. Pode ser duro, mas a porta é estreita. A comunidade reunida
para a celebração é sempre uma escola de bom aprendizado.
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