segunda-feira, 21 de setembro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “A raiz da desigualdade”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
O dono do mundo
            Toda a questão do clamor dos pobres não é um discursinho afogueado sem compromisso. É uma e questão que atinge as estruturas que governam o mundo. É Davi contra Golias. Davi derrubou o gigante com uma pedrinha. Mas não é com água benta que iremos resolver. Mas tem solução.  Diz Papa Francisco: “A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza não pode esperar” (EG 202). Não bastam as campanhas quando acontecem calamidades que comovem o mundo. O Papa é claro: “Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especulação financeira, atacando as causas estruturais da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema algum. A desigualdade é a raiz de todos os males” (EG202). Aqui o Papa citou Papa Bento XVI. Vemos claramente que a questão está nos donos do poder do mundo. Quem manda no mundo é o mercado financeiro. Mesmo as religiões vivem dentro desse esquema. Podemos nos lembrar que os homens e mulheres que marcaram o mundo foram os que saíram desse jogo, como é o caso de S. Francisco. Vemos pelo mundo como a luta pelo poder está voltada para o domínio do mercado. Como mudar tudo, se tudo está direcionado para se manter esse esquema. É quase impossível sobreviver se não aceitar o jogo. Quem tem o poder do dinheiro, tem o dinheiro do poder. A ganância é uma doença que significa saúde. Nessas graves situações que afligem o mundo e diante da resposta inadequada que dada, não podemos olhar só para nosso quintal ou pequeno mundo. Há situações terrificantes em países distantes. E lembramos que são pessoas humanas que sofrem.
A dignidade da pessoa
            “A dignidade de cada pessoa e o bem comum são questões que deveriam estruturar toda a política econômica” (EG 203). Essa linguagem desagrada inclusive a gente que se diz cristã. O assunto é bom, desde que não me toque. Quanta rejeição há quanto se toca nesses assuntos! Alguns usam essas palavras para granjear atenção e votos. Mas depois... nada feito. O ser humano amado por Deus deve estar o centro das soluções. Os grandes temem que lhes seja tirado o lucro. Acontece o contrário. Pelo bem que faz ao ser humano, o lucro será maior. “O que se espera é que os poderosos se deixem interpelar por um sentido mais amplo da vida; isto lhe permite servir verdadeiramente o bem comum com seu esforço por multiplicar e tornar os bens deste mundo mais acessíveis a todos” (EG 203).  Como existe uma estrutura completa para que o mercado funcione com toda eficácia, igualmente uma nova ordem requer “decisões, programas, mecanismo e processos especificamente orientados para uma melhor distribuição de renda, criação de trabalho para uma promoção integral dos pobres que supere o mero assistencialismo” (EG 204).
Uma Igreja sem paz

            Papa Francisco conduz sua reflexão, com que numa busca de força, pede “a Deus que cresça o número de políticos capazes de entrar num autêntico diálogo que vise sanar as raízes profundas e não a aparência dos males do mundo” (EG 205). A abertura à transcendência pode iniciar a renovação. Economia e bem comum social não se opõem. Não falamos de nosso mundinho, mas do mundo. A Igreja não pode estar tranqüila, pois cai no mundanismo espiritual. O pior pecado que podemos cometer é encobrir a força do evangelho com interesses e ideologias. A força do evangelho pode nos mudar. Infelizmente não  é esse o interesse de muita gente da Igreja. 

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