Evangelho segundo São Marcos 2,23-28.3,1-6.
Passava Jesus através das searas num dia de sábado e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas.
Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao sábado o que não é permitido».
Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus companheiros?
Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e também os deu aos companheiros».
E acrescentou: «O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado.
Por isso, o Filho do homem é também Senhor do sábado».
Jesus entrou de novo na sinagoga, onde estava um homem com uma das mãos atrofiada.
Os fariseus observavam Jesus para verem se Ele ia curá-lo ao sábado e poderem assim acusá-lo.
Jesus disse ao homem que tinha a mão atrofiada: «Levanta-te e vem aqui para o meio».
Depois perguntou-lhes: «Será permitido ao sábado fazer bem ou fazer mal, salvar a vida ou tirá-la?». Mas eles ficaram calados.
Então, olhando-os com indignação e entristecido com a dureza dos seus corações, disse ao homem: «Estende a mão». Ele estendeu-a e a mão ficou curada.
Os fariseus, porém, logo que saíram dali, reuniram-se com os herodianos para deliberarem como haviam de acabar com Ele.
Tradução litúrgica da Bíblia
Bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Salmo 91,2
«O sábado foi feito para o homem
e não o homem para o sábado»
Hoje é sábado, um sábado que os judeus respeitam com descanso exterior, com uma doce e luxuriosa ociosidade, porque se dedicam a ninharias, e gastam este sábado que o Senhor prescreveu dedicados a ocupações que Ele proibiu. Se para nós o sábado é abstenção de obras más, para eles é abstenção de obras boas. Porque é melhor lavrar a terra que dançar. Eles abstêm-se de obras boas, mas não de obras pueris. Deus prescreveu-nos, pois, um repouso - mas que repouso?
Em primeiro lugar, vê onde está esse repouso. Para muitos, o repouso está nos membros, enquanto a consciência se agita. Quem é mau não pode ter este sábado, porque a sua consciência não está em repouso, mas vive necessariamente na agitação. A boa consciência, pelo contrário, está sempre em paz, e esta paz é o sábado do coração. Ele repousa nas promessas do Senhor e, se sente algum cansaço nesta vida, eleva-se à esperança do futuro, e então todas as nuvens de tristeza se dissipam, como diz o apóstolo: alegra-se na esperança. Esta alegria serena na esperança é o nosso sábado.
É isto que o nosso salmo canta e preconiza, ensinando o cristão a permanecer no sábado do seu coração, isto é, na calma e tranquilidade, na serenidade de uma consciência tranquila. Por isso, fala-nos daquilo que é habitualmente uma fonte de perturbação para os homens, para nos ensinar a celebrar o sábado no coração.
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