sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Tempo pouco comum”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Uma nova etapa
 
Como o tempo passa rápido, chegamos novamente a uma nova etapa do Ano Litúrgico que é o Temo Comum, ou Tempo Ordinário. Vivemos nesse tempo uma espiritualidade litúrgica própria que tem uma extensão de 33 semanas, com a interrupção do Tempo Pascal e sua preparação, a Quaresma. A Páscoa tem calendário próprio, não civil, por isso há variações no calendário. Páscoa e Natal são chamados tempos fortes. Este Tempo Comum é, fortíssimo pelo tempo que utiliza e pela dimensão teológica que lhe é própria. Nos tempos fortes de Páscoa e Natal celebramos um mistério determinado da vida de Jesus. No Tempo Comum podemos seguir a linha completa de um evangelista que nos apresenta a vida de Jesus e uma síntese catequética muito ampla com seu evangelho. Passamos, em três anos, pelos três evangelistas sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas. Sinótico significa que os evangelistas têm um mesmo esquema, colocando nele suas peculiaridades. Cada um tem um esquema ao escrever o Evangelho. Não se contradizem na verdade, mas mostram aspectos diferentes. O evangelho de João é lido por partes no correr do ano. Se participarmos das celebrações podemos ler, no arco de três anos, 90% da Escritura. Na leitura semanal, lemos os mesmos evangelistas durantes um ano e os textos do Antigo Testamento e as Epístolas, de dois em dois anos. A meta do Tempo Comum é o crescimento dos fiéis ao celebrarem. A missa tem uma função pedagógica de ensinar também a função mistagógica, isto é, ir introduzindo no mistério, conduzidos pelo Espírito e ajudados pela comunidade celebrativa. Há um aspecto que pode nos admirar: a primeira leitura, nos domingos, sempre tem uma ligação com o Evangelho. E o Salmo faz uma interpretação orante da primeira leitura. A segunda leitura, não tem ligação direta (pode ter, mas não é intencional) com os outros dois textos. Por que? Para não ter o problema do missal anterior, de Pio V, que engavetava a Palavra em temas que se repetiam todos os anos. Assim, abre-se um espaço maior para a reflexão da Palavra. 
Acolher a Graça 
A antífona da comunhão tem uma riqueza especial (totalmente esquecida nas celebrações) de transportar a Palavra anunciada para a Palavra tornada Pão. Sempre procuro ler este texto na celebração. São jóias preciosas. Assim podemos acolher a Palavra com maior intensidade. A meta da riqueza da Palavra de Deus proclamada é acolher a Graça da Palavra que salva e também nos julga. É terrível perceber como não estamos ligados em ouvir a Palavra. Passa desapercebida. O que fomos fazer na celebração? Não temos o hábito de ouvir. Por isso é muito bom dedicarmo-nos mais à Palavra para ouvir Cristo, pois é Ele quem fala quando se lêem as Escrituras na celebração. 
Viver a Graça 
Esta Palavra não é só um texto intelectual de grande valor, mas é um caminho para a vida. “Quem ouve a Palavra e a põe em prática é como o homem que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra a essa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha” (Mt 7,24-27). Há um modo muito prático para acolher bem a Palavra: Reviver o sentimento de quem a escreveu, na realidade que o texto traz. Trata-se de apropriar-se do conteúdo e de quem acolheu e nos transmitiu esta Palavra. Mais ainda: unir-se ao Cristo que é a Palavra Viva que se expressa em palavras de vida. Não percamos nossas celebrações.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2012

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