Estamos no tempo da Manifestação do Senhor que compreende quatro momentos: Nascimento, Epifania, Batismo e Bodas de Caná. O ponto central da compreensão desse tempo litúrgico é a Manifestação do Senhor. Ele veio para povo humilde, foi mostrado às Nações na Epifania, é revelado aos judeus no Batismo e apresentado aos discípulos. A missão de Jesus é mostrar-nos o Pai e nos colocar em comunhão com Ele. Paulo, na carta aos Efésios, faz a grande revelação de um segredo encoberto às gerações passadas: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo, são associados à mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho” (Ef 2,5-6). Jesus veio somente para seu povo. Deus salva todos. Vemos como existe encarnada esta idéia de grupos que se considerarem donos de Deus e da salvação. Por isso os Magos, homens de sabedoria, não só de ciência, buscaram nas estrelas as respostas para suas questões. Quem é a Estrela? É Jesus, conforme a profecia da Balaão, profeta pagão que viu subir um astro dos acampamentos do povo no deserto (Nm 24,17). Todos os judeus, menos Herodes, sabiam que Jesus nasceria em Belém, da família de Davi (Sl 132,11). Já naquele momento Herodes decide acabar com o Menino, como vemos no mundo atual. Nesta liturgia rezamos no prefácio: “Revelastes hoje o mistério de vosso Filho como Luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação”. Deus cumpriu a promessa com o nascimento de seu Filho, como rezamos “Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, Vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade” (Prefácio). O que recebemos é para todos os povos.
Os dons dos povos
São Mateus narra que o Cristo Vivo Ressuscitado é o Senhor Deus verdadeiro na sua divindade e verdadeiro na carne de Davi. Davi era pastor em Belém. Cristo é o Pastor de seu povo. Ele é o Rei Salvador. Por isso perguntam: “Onde está o Rei que acaba de nascer? (Mt 2,2). Ele é o Emanuel, Deus Conosco. As ofertas dos Magos reconhecem, com o ouro, Seu Senhorio; com o incenso, Sua Divindade; com a mirra, sua natureza humana no sofrimento. Eles vêm do Oriente, lugar do Sol Nascente. Cristo é o Sol que vem do alto para iluminar (Lc 1,76). A alegria dos Magos é a mesma que sentiram as mulheres ao verem o Ressuscitado. Vemos a unidade do Mistério de Cristo. A presença do Cristo é a alegria universal. Lembramos a alegria dos judeus quando Paulo começa a anunciar o evangelho aos pagãos, uma vez que os judeus recusaram. Somos descendentes destes pagãos representados pelos Magos.
Uma missão que continua
Isaias anuncia um futuro grandioso para Jerusalém que vai se transformar em ponto de atração de todos os povos porque o Senhor vai brilhar sobre ela (Is 60,2). Esta cidade recebe a missão de acolhimento universal. No mundo atual, com tanta diversidade, é um imperativo a missão de acolher o diferente. O maior presente que os Magos oferecem a Jesus e voltar por outro caminho. Suas vidas se tornam missão de conduzir aos povos a fazerem o caminho de Belém para encontrar o Salvador. Numa sociedade onde há tantos ídolos, é necessário conhecer quem enche nosso coração. Ele é Deus que merece nossa adoração. Ele é a fonte da vida. Na Eucaristia sabemos ouví-lo, oferecer nossa vida e partilhar de seu Corpo e Sangue.
Leituras: Isaías 60,1-6; Salmo 71;
Efésios 3,2-3ª.5-6 Mateus 2,1-12;
1. O Tempo do Natal é a memória da Manifestação do Senhor em suas diversas etapas: Nascimento, Epifania, Batismo e Bodas de Caná. A missão de Jesus é mostrar o Pai e levar à comunhão com Ele. Paulo revela que a salvação é também para os pagãos. Os Magos, em sua sabedoria, querem conhecer o Menino, pois sabem que Ele é o Prometido.
2. Este texto nos fala do Cristo Senhor que os Magos viram e que é o mesmo Cristo Senhor Ressuscitado. Suas ofertas reconhecem seu Senhorio, Divindade e Natureza sofredora. Ele é o Sol. É a causa de nossa alegria.
3. Isaias anuncia um futuro grandioso para Jerusalém porque sobre ela vai bilhar o Senhor. A cidade recebe uma missão universal. Em nosso mundo há necessidade de abertura ao diferente. Os Magos têm a missão de conduzir os povos a Belém. Em cada Eucaristia vivemos a adoração, o reconhecimento e a participação.
Velhinhos de vista boa
Não podemos querer imaginar muito os Magos, pois não eram três e nem eram reis. Eram homens que sabiam ler os sinais dos céus e da terra. Enxergavam longe e por isso entenderem que deveriam ir adorar o novo rei que havia nascido. O nascimento de Jesus significava uma grande alegria, uma iluminação nova do mundo.
O evangelho vê nesta caravana que chega, a profecia de Isaías que vê a cidade renovada e para ela dirigindo-se os povos. Em Jesus se realiza a profecia.
Paulo ensina que Jesus veio para todos os povos e não só para um povinho particular.
Os senhorzinhos enxergavam longe: Guiados pela estrela foram até o lugar onde estava Maria e o Menino. Sentiram uma imensa alegria. É a alegria da salvação. Os presentes são reconhecimento de sua realeza (ouro), sua divindade (incenso) e sua paixão (mirra).
E enxergavam longe. Gente pura de coração ouviu Herodes, mas viram sua maldade e voltaram por outro caminho para seu país. É uma lição para nós: Ver longe as realidades de Deus e saber mudar de caminho.
Homilia da Epifania do Senhor (08.01.2012)
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