Paulo é de tal modo poliédrico que não podemos abarcá-lo, nem com muita reflexão. São tantos aspectos que sua vida e ensinamentos apresentam! Exige-se de nós um conhecimento que supera nossas possibilidades. Nestas condições podemos dizer: “Quando não se sabe muito, o melhor mesmo é amar e abraçar’. O próprio Pedro escreve na segunda carta: “É verdade que em suas cartas se encontram alguns pontos difíceis de entender” (2Pd 3,16). Vamos tentar uma reflexão que seja um caminho espiritual. Neste caminho, mais devemos contar com Cristo que nos ama do que com um fatigoso esforço. Foi esta a permanente sensação que Paulo tem de si em relação a Cristo: “Eu fui conquistado por Cristo” (Fl 3,12). Não sente nenhum mérito pessoal que justificasse uma obrigação de Cristo para com ele. Ainda mais, ele que foi perseguidor de Cristo. Foi escolhido apóstolo como por um aborto. Quando Ananias vai encontrá-lo em Damasco recebe de Jesus as palavras: “Este homem é um instrumento que escolhi para anunciar meu nome aos pagãos” (At 9.15). Paulo tem o mesmo processo de chamada a ser discípulo como tiveram os outros discípulos. Como os demais apóstolos, é chamado sem mérito de sua parte. Paulo vê neste processo uma conquista que Cristo realiza. Uma vocação é o acolhimento de um amor gratuito de predileção. Vocação que não parte deste afeto de Cristo, risca de não ter fundamento. Somente uma paixão sem limites por Cristo faz um apóstolo sem limites.
Viver Cristo
Esse amor de tanta gratuidade tem como resposta em Paulo a total entrega: Senhor, que queres que e faça? “Entra na cidade e ali será dito o que deves fazer” (At 9,6). Paulo descobre a vontade de Cristo através da comunidade. O caminho espiritual sempre passa pela comunidade. Paulo começa imediatamente a anunciar Jesus. O primeiro anúncio é a comunicação de uma experiência pessoal com Cristo, como os primeiros encontros dos discípulos com Jesus: “Mestre, onde moras? ‘Venham e vejam’. E passaram aquele dia com Ele”. Percebemos a dificuldade que temos para comunicar a fé em Jesus. Não será a falta desta experiência pessoal sentida como uma opção para a vida? É por isso que quis dar o título do artigo: Paulo de Jesus, pois Jesus era sua vida. Chegamos lá.
No caminho com Paulo
Ninguém é igual ao outro. Paulo será sempre único, como cada um de nós é único também. Paulo se torna modelo em sua disposição em corresponder a Cristo. Ele pode nos dar pistas por onde podemos nos encaminhar. Suas palavras e seus testemunhos nos questionam. Não podemos perder sua dimensão intelectual nem a dimensão humana nem a espiritual. Paulo caiu do cavalo, mas levantou em Jesus: Que queres que eu faça? A purificação da fé vai fazer-nos superar tantos entraves em nossa vida cristã. É fácil manifestar uma fé de acordo com nosso modo e nossos interesses não nos comprometem nem com Jesus nem com seu Evangelho. Paulo é forte ao dizer: “Para mim viver é Cristo” (Fl 1,21)... “Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,20).
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2012
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