Evangelho segundo São Lucas 1,39-45.
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Tradução litúrgica da Bíblia
Encíclica «Lumen fidei / A luz da fé», §39
(trad. © Libreria Editrice Vaticana, rev)
«Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente
para a montanha»: a fé tende a convidar outros para a sua alegria
É impossível crermos sozinhos. A fé não é só uma opção individual que se realiza na interioridade do crente, não é uma relação isolada entre o «eu» do fiel e o «Tu» divino, entre o sujeito autónomo e Deus; mas, pela sua natureza, abre-se ao «nós», verifica-se sempre dentro da comunhão da Igreja. Assim no-lo recorda a forma dialogada do Credo que se usa na liturgia batismal.
O crer exprime-se como resposta a um convite, a uma palavra que não provém de mim, mas deve ser escutada; por isso, insere-se no interior de um diálogo. Só é possível responder «creio» na primeira pessoa porque se pertence a uma comunhão grande, porque se diz também «cremos». Esta abertura ao «nós» eclesial realiza-se de acordo com a abertura própria do amor de Deus, que não é apenas relação entre o Pai e o Filho, entre «eu» e «tu», mas, no Espírito, é também um «nós», uma comunhão de pessoas. Por isso mesmo, quem crê nunca está sozinho; e, pela mesma razão, a fé tende a difundir-se, a convidar outros para a sua alegria. Assim o exprimiu vigorosamente Tertuliano (De baptismo, 20,5) ao falar do catecúmeno que, tendo sido recebido numa nova família «depois do banho do novo nascimento», é acolhido em casa da Mãe para erguer as mãos e rezar, juntamente com os irmãos, o pai-nosso.
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