Evangelho segundo São Mateus 2,13-18.
Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar».
José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito
e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egito chamei o meu filho».
Quando Herodes percebeu que fora iludido pelos Magos, encheu-se de grande furor e mandou matar em Belém e no seu território todos os meninos de dois anos ou menos, conforme o tempo que os Magos lhe tinham indicado.
Cumpriu-se então o que o profeta Jeremias anunciara, ao dizer:
«Ouviu-se uma voz em Ramá, lamentos e gemidos sem fim: Raquel chora seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge, bispo
Sermão 219; PL 39, 2150
«Onde está o Rei dos judeus,
que acaba de nascer?» (Mt 2,2)
Herodes, o rei traidor, enganado pelos magos, envia os seus esbirros a Belém e arredores, com ordem de matarem todas as crianças com menos de dois anos. Nada, porém, conseguiste obter, bárbaro cruel e arrogante: podes fazer mártires, mas não conseguirás encontrar a Cristo. O infeliz tirano estava convencido de que o advento do Senhor, nosso Salvador, o faria cair de seu trono real. Mas não foi assim, pois Cristo não tinha vindo usurpar a glória de outro, mas ofertar-nos a sua. Ele não tinha vindo apoderar-Se de um reino terreno, mas dar-nos o Reino dos Céus. Ele não tinha vindo roubar dignidades, mas sofrer injúrias e sevícias. Ele não tinha vindo preparar a sagrada cabeça para um diadema de pedrarias, mas para uma coroa de espinhos. Ele não tinha vindo para Se instalar gloriosamente acima dos cetros, mas para ser ultrajado e crucificado.
Ao nascimento do Senhor, «o rei Herodes perturbou-se e toda a Jerusalém com ele» (Mt 2,3). Não é de espantar que a impiedade se perturbe com o nascimento da bondade. Eis que um homem que domina exércitos se assusta diante de uma criança deitada numa manjedoura, um rei orgulhoso treme diante do humilde, aquele que se veste de púrpura receia um pequenino envolto em panos. Fingiu querer adorar Aquele que procurava destruir (Mt 2,8). Mas a Verdade não receia as emboscadas da mentira. A traição não consegue encontrar a Cristo, porque não é pela crueldade, mas pelo amor, que se deve procurar a Deus, que vive e reina pelos séculos dos séculos. Ámen.
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