Os Dez Santos Mártires de Creta (os quais, Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio, Euniciano, Zótico, Pompeu, Agátopo, Basílides e Evaristo; m. 250) foram cristãos martirizados durante o reinado de Décio, no terceiro século. A Igreja celebra sua festa no dia de seu martírio, 23 de dezembro.
Vida
Em 249, Décio (249–251), após suas vitórias militares contra a rebelião de Pacaciano no Danúbio, assassinou o Imperador Filipe (244–249) e assumiu seu posto, acrescentando ao seu nome também o nome “Trajano” devido a sua grande admiração pelo imperador homônimo. Essa admiração também viria a se refletir na perseguição aos cristãos. No ano seguinte, Décio assinou um édito exigindo que todo o império oferecesse sacrifícios aos deuses pagãos pelo bem-estar do imperador.
Naquele tempo, o eparca de Creta, que também se chamava Décio, iniciou uma feroz perseguição aos cristãos na ilha. Foram trazidos a ele cristãos de todas as partes de Creta: Teódulo, Saturnino, Êuporo, Gelásio e Euniciano da capital Gortina, Zótico do litoral de Cnossos, Agátopo do porto de Panormos, Basílides da Cidônia e Evaristo e Pompeu de Heraclião. Os dez firmemente confessaram sua fé em Jesus Cristo e negaram-se a oferecer sacrifícios aos deuses pagãos.
O ímpio governador então lhes disse: “Vós, que depreciais esta grande assembleia na qual se rende culto aos todo-poderosos Júpiter, Juno, Reia e outras divindades, vereis o poder dos deuses.” E eles o responderam que a lenda de Júpiter não lhes era estranha, assegurando que aqueles que o consideravam uma divindade deviam por virtude imitar os seus vícios. Se a multidão de pagãos enfurecidos não tivesse sido contida, eles já haveriam sido martirizados, mas o governador decidiu sentenciá-los a um mês de cruéis torturas, como açoites e apedrejamento.
Todos os exortavam a oferecerem sacrifícios para se salvarem, mas os valentes confessores fielmente replicavam que preferiam morrer a isso. Com a ajuda de Deus, todos perseveraram nas torturas, glorificando a Deus e orando para que Ele iluminasse seus torturadores com a luz da verdadeira Fé e se mostrasse misericordioso para com eles. Depois de um mês, certo de que os mártires não negariam a Cristo por nada, Décio ordenou que seus membros fossem desarticulados e, então, decapitados. Assim os santos dez de Creta entregaram suas almas ao Senhor e foram contados dentre os mártires por Cristo. Depois da execução, seus corpos puderam ser enterrados pelos cristãos.
Pós-vida
Em 312, São Paulo, futuro Arcebispo de Constantinopla (337–350), solicitou ao santo Imperador Constantino a transferência de suas relíquias. Quando retornou a Creta junto de piedosos anciãos que foram testemunhas de seu martírio, abriram seus túmulos e viram seus corpos incorruptos. Então, reverenciadamente transladaram-nos a Gortina, onde por séculos eles viriam a ser comemorados.
No século XIX, havia um jovem pastor que usualmente levava seu rebanho para pastar próximo ao local onde os mártires foram originalmente sepultados. Certo dia, uma forte febre o atacou, e o pastor ficou muito doente, de forma que nem andar conseguia. Como não possuía ninguém para ajudá-lo, começou a orar aos dez mártires. Numa vila próxima, havia um lago artificial criado para que os fazendeiros pudessem lavar seus animais, e sua água, embora viesse de um rio, era muito barrenta. Então, em uma visão, os dez santos apareceram a ele e o instruíram a ir até esse lago, e beber daquela água.
Através de sua fé, o pastor conseguiu chegar ao lago, e bebendo a água, tornou-se completamente são. Radiante de alegria, o jovem anunciou por toda a vila sobre o milagre. O fato rapidamente se espalhou e pessoas de toda a ilha começaram a peregrinar ao lago. Os anciãos da vila mencionaram todos os milagres ocorridos naquele lago ao hegúmeno do Mosteiro de Cudumas que, por sua vez, informou o Bispo Eugênio II (1898–1920) da então Diocese de Creta.
Após estudar a região do lago, o bispo decidiu secar o lago sagrado, com fé que haveria algo abaixo dele. Isso se provou verdade, e, abaixo do lago, estavam os túmulos originais dos dez santos mártires. De imediato, Bispo Eugênio ordenou a construção de uma pequena igreja dedicada a eles.
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