PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) SACERDOTE REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR |
Dentre os dons do povo de Deus, encontramos o anúncio da Palavra. Partimos novamente de Jesus que, em toda a sua vida, proclamou a Palavra de Deus. Sua proclamação missionária inicia-se a partir de Seu Batismo. Mas, desde a Encarnação Ele era a Palavra de Deus encarnada e falava do Pai. No evangelho de S. João lemos claramente: “No princípio era a Palavra (o Verbo) e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus e a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1.14). “NEle estava a vida e a vida era a luz dos homens” (4). Palavra, em hebraico "dabar", não é só um som produzido, mas identifica-se com quem a diz. O Pai, ao enviar o Filho, O faz sua expressão completa. Ele diz: “O Pai e eu somos um” (Jo 10,30). A própria vida de Jesus é a Palavra Viva que se manifesta em palavras de vida. O cristão, ao acolher essa Palavra pela fé torna-se, também ele, uma palavra viva pelo testemunho de vida e também pela palavra que anuncia. O anúncio se faz dos mais diversos modos: pela pregação explícita e também pelas palavras do dia a dia, impregnadas da Palavra de Vida que ele vive. Nos tempos atuais a Igreja está em profundas mudanças. Uma delas é a valorização do leigo como atuante e não somente como assistente ou beneficiário. Deste modo podemos perceber, não uma anulação do clero, padres e bispos, mas uma devolução ao leigo daquilo que é profundamente dele como batizado. Vemos nas cartas de Paulo a quantidade de cristãos comprometidos com a evangelização. Paulo escreve: “não somos estrangeiros nem hóspedes, mas somos concidadãos dos santos, membros da Igreja de Deus” (Ef 2,19). O leigo não é um cristão de segunda classe. Assim Jesus também o seria, pois ele foi leigo. Todos são de primeira classe, pois somos todos irmãos. Primeira classe nos dons e nos compromissos.
Prega, insiste com toda sabedoria
Sendo co-responsável pelo Reino de Deus na missão de anunciar, o cristão, une os sacrifícios espirituais à Palavra. Paulo insiste consigo mesmo: “Anunciar o Evangelho não é um título de glória para mim; é antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” (1Cor 9,16). Insiste com Timóteo: “Eu te conjuro [...] proclama a palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda a paciência e doutrina” (Tm 4,1-2). Nas cartas de Paulo encontramos uma série de leigos pregadores. Na história da Igreja temos também, por exemplo, Orígines, leigo que é um dos maiores teólogos da Igreja, era pregador leigo, mas, como não permitiam ao leigo pregar, ordenaram-no padre. Cada um vai descobrindo seu modo próprio de anunciar a Palavra. Isso é também um sacrifício agradável a Deus. Pregando estamos professando a fé e distribuindo a vida. E nós, como exercemos esse ministério?
Não deixou cair por terra nenhuma palavra
Deus confiou totalmente em seus discípulos, dando-lhes como garantia o Espírito Santo. Assim, também os cristãos podem ter a certeza de que o Espírito permanece com eles. Nada mais bonito do que ver os cristãos produzirem frutos. Vemos as igrejas cheias, mas vemos pouca produção. Há uma religião de interesses e compromissos pessoais. Aceitamos a Igreja, mas que não nos comprometa. Temos um belo exemplo na Bíblia: “Samuel crescia, e o Senhor estava com ele, e nenhuma das palavras que lhe dissera deixou cair por terra” (1Samuel 3,19). Se conhecermos Jesus Cristo, nós o anunciaremos com todo o vigor. A meta não é aumentar o número de cristãos, chamando para a Igreja, mas para Cristo. Pela Palavra ou pelo testemunho, continuamos Jesus missionário do Pai.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2007
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