“Não espero nada das criaturas, mas de Deus, doador de todos os bens”.
“Enquanto houver jovens para educar e valores a transmitir, as dificuldades não contam”.
«Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!» Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer nosso este hino a Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas vidas. Assim o fez Santa Maria do Carmelo Salles y Baranguera, religiosa nascida em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de Deus: «Seu amor de geração em geração, chega a todos que o respeitam». A sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada, continua a dar frutos abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo.
Papa Bento XVI – Homilia de Canonização
Maria do Carmo Salles y Baranguera nasceu em Vic (Barcelona) no dia 9 de abril de 1848, filha de José Sallés e Francisca Barangueras, casal profundamente católico.
Tendo sua família se transferido para Manresa, frequentou o Colégio das religiosas da Companhia de Maria, recebendo uma educação religiosa e civil, sobretudo uma espiritualidade mariana, que a fez receber com grande alegria a proclamação do dogma da Imaculada Conceição.
Aos 16 anos expressou o desejo de tornar-se religiosa, enfrentando a insatisfação dos pais que desejavam que ela se inclinasse ao matrimônio.
Em 1869, ingressou no noviciado das Adoradoras, que se dedicavam à recuperação de mulheres marginais pela delinquência ou prostituição. Com o conselho de seu diretor espiritual, procurou um instituto dedicado a formação da mulher, mais afim com os anseios de sua alma. Assim, em 1871, decidiu-se pelas Dominicanas da Anunciada, fundadas pelo Padre Coll, que a recebeu no Noviciado.
Durante 22 anos se dedicou à educação em diversos lugares, dirigiu uma escolinha para que os filhos de mulheres que trabalhavam não ficassem na rua; em Barcelona, dirigiu um colégio dedicado à classe média, e, ajudada pelas alunas do curso diurno, conseguiu que se abrissem aulas noturnas para 300 operárias.
Esforçava-se para aumentar a cultura feminina e educar às jovens numa piedade profunda, bem fundamentada.
Em 1889, Carmem iniciou um profundo processo de busca. Rezava, consultava e se punha à escuta da voz do Espírito Santo. Sonhava com jovens que, graças ao harmonioso equilíbrio entre piedade e cultura, fossem propulsoras da família e da sociedade, fieis à hierarquia e plenamente inseridas na vida da Igreja.
Os problemas maiores aconteceram no final de 1891 e primeiros meses de 1892. Ela não quis sair da Congregação Dominicana, mas criar um ramo da mesma árvore. Queria continuar no Instituto para continuar nele o seu método de ensino. Porém, não lhe foi permitido e se viu forçada a iniciar um caminho novo.
Acompanhada de três companheiras, Candelária Boleda, Remédios Pujals, Emília Horta, iniciou uma Congregação nova na Igreja, chamada no primeiro momento Concepcionistas de São Domingos, hoje Concepcionistas Missionárias do Ensino.
Numa busca perseverante, porém tranquila, porque confiava no Senhor mais que em si mesma, Carmem fez uma viagem a Madrid. Ali a esperava a Providência Divina. A palavra firme e serena de Dom Celestino Pazos, pertencente ao Cabido de Zamora, a ajudou a buscar a vontade de Deus. Carmem entregou seu projeto à Virgem do Bom Conselho, situada na capela da Colegiada de São Isidoro. Depois de rezar, disse a suas companheiras: "É vontade de Deus. Vamos a Burgos. Ali trabalharemos e lutaremos com tudo que se apresente. E Deus proverá".
No dia 15 de outubro de 1892, festividade de Santa Teresa de Jesus, Carmem chegou a Burgos com as três companheiras. Ali encontrou um grande protetor na pessoa do Arcebispo, Dom Manuel Gómez-Salazar y Lucio Villegas, que em 7 de dezembro do mesmo ano, outorgou a aprovação Diocesana à nascente Congregação e autorizou a abertura do primeiro colégio Concepcionista.
Em 16 de abril de 1893, foi obtida a aprovação Diocesana das Constituições e Carmem Salles foi nomeada Superiora Geral.
Em 29 de fevereiro de 1908, Carmem Sallés solicitou ao Santo Padre a aprovação do Instituto. E em 19 de setembro do mesmo ano recebeu o Decreto outorgado por São Pio X.
Desde o primeiro momento se dedicou à preparação adequada das futuras religiosas mestras. Naquele tempo as leis não exigiam o título de professora para ensinar nos colégios privados da Igreja, mas Carmem quis que as religiosas cursassem o Magistério e piano, e as introduziu no domínio da língua francesa.
A Universidade ainda não abrira suas portas para a mulher, porém dois anos após a fundação do Instituto suas alunas já estudavam o Magistério. Carmem planejou a educação de uma forma integral e equilibrada: a menina e a jovem deviam desenvolver harmonicamente a inteligência e a alma.
Madre Carmem gastou sua vida no serviço da educação das crianças e das jovens. Em 19 anos de trabalho, empenhou todas as suas energias em fundar 13 “Casas de Maria Imaculada”, como gostava de chamar as suas Comunidades e Colégios: Burgos, Segovia, El Escorial, Madrid, Pozoblanco, Almadén, Valdepeñas, Manzanares, Santa Cruz de Mudela, Murchante, Barajas de Melo, Arroyo del Puerco (hoy de la Luz), Santa Cruz dela Zarza.
Uma mulher de grande caráter e de grande doçura, a Beata soube superar muitas dificuldades ao longo do itinerário de fundadora. Sua fé profunda e sua caridade ardente vão unidas a uma grande sensibilidade pela formação católica das mulheres de seu tempo, quando surgiam pressões laicistas e anticlericais.
A Beata também manifestou sempre um grande amor pelas meninas mais pobres: todas as suas fundações surgem unidas a iniciativas para favorecer as meninas mais pobres. Iniciou também os primeiros passos para levar sua obra para a Itália e o Brasil.
Morreu em Madrid, aos 63 anos, no dia 25 de julho de 1911, deixando 166 Irmãs na nova Congregação, deixando-lhes como herança seu desejo de expansão missionária do Instituto. Atualmente as Irmãs estão presentes nos países do Extremo Oriente, em cinco Estados americanos, na África e na Itália.
No dia 8 de dezembro de 1954, festividade da Imaculada Conceição e Ano Mariano, Pio XII aprovou definitivamente a Congregação.
João Paulo II a beatificou em Roma no dia 5 de março de 1998 e canonizada pelo Papa Bento XVI em 21 de outubro de 2012.
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