PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) SACERDOTE REDENTORISTA NA PAZ DO SENNHOR |
Ao refletirmos sobre o sacerdócio do povo de Deus, pensamos esse dom para fora da Igreja, no meio do povo. Podemos, contudo, perguntar: como fica a celebração da liturgia? Jesus disse: onde dois ou três estão reunidos em meu nome, eu estou no meio deles. O povo de Deus celebra, presidido pelos seus ministros ordenados. Há diferença essencial entre o ministério ordenado e o do povo de Deus. Mas quem celebra é todo o Corpo que tem Cristo como cabeça. Mesmo que não seja uma celebração de missa, seja um culto sem ministro ordenado, há um verdadeiro e autêntico culto a Deus, pois tem Cristo em seu meio. E vejamos que, no Brasil, (conforme ouvi há tempo) 70% das celebrações são feitas por leigos, pois não há sacerdotes suficientes. Mesmo assim, em tantas capelas rurais ou de periferias todas as semanas se reúnem para celebrar o culto. Que beleza de povo de Deus! Imaginemos no Amazonas onde o padre pode ir tão raramente. Mas a comunidade se reúne. É o Espírito Santo que convoca esse povo para celebrar. É o mesmo Espírito que faz desse ajuntamento de pessoas, corpo de Cristo que celebra. Mesmo não havendo missa, a comunidade preenche o dever de prestar culto a Deus, que é um modo de exercer seu sacerdócio comum a todo povo. Mas esse povo celebra a Eucaristia. Sendo uma Celebração Eucarística, ela não é coisa só do padre, mas de todo o povo. O padre faz parte do povo e preside em nome de Cristo. Mas a celebração é de todo o Corpo de Cristo. Assim o povo de Deus exerce sua função participando de uma liturgia. A força da comunidade não está no número ou organização mas no Espírito que faz dela Corpo de Cristo que presta o culto ao Pai pelo Cristo no Espírito.
Direito de celebrar
A definição de liturgia diz: “A liturgia é o exercício do múnus (função) sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais sensíveis, é significada e de modo peculiar a cada sinal, realiza, a santificação do homem. É exercido o culto público e integral pelo corpo Místico de Cristo, cabeça e membros” (SC 7). Todo o cristão faz parte desse corpo e participa desse culto integral. Ele tem, por isso, o direito de celebrar. O sacerdócio comum dos fiéis participa integralmente desse múnus sacerdotal de Cristo. Participa igualmente de cada sacramento, de modo particular da Eucaristia, a missa. O padre não é dono, é servidor, como ministro ordenado. Em seu ministério celebra com o povo de Deus e preside em nome de Cristo. Está unido ao povo sacerdotal. O missal diz, na introdução, que ele deve consultar o povo naquilo que se lhe refere e não ficar só no seu gosto pessoal.
Ministérios leigos na celebração
Em cada celebração há diversos ministérios. Eu já cataloguei mais de 50 ministérios ou serviços e equipes em uma celebração. O princípio é este: “cada um faça tudo e só o que lhe compete”. Por isso é necessário estudar para saber o que compete a cada um. Participar não é todo mundo fazer a mesma coisa, mas cada um unir-se a Cristo que se oferece ao Pai pelo mundo (Gregório Lutz). Uma celebração seria muito rica se procurássemos desenvolver os ministérios. Por eles seria possível um exercício mais fecundo do sacerdócio do povo. Mas o fundamental é ouvir a Palavra, louvar, agradecer e unir-se a Cristo em sua entrega ao Pai. Deste modo os cristãos realizam sua missão de povo sacerdotal. O Concílio ensina que “os fiéis, em virtude de seu sacerdócio régio, concorrem na oblação da Eucaristia e o exercem na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa” (LG 10).
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2007
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