PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) SACERDOTE REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR |
Na trajetória que estamos fazendo sobre a espiritualidade, passamos pelos sacramentos. Estes são ações de Cristo na sua Igreja, através de sinais sensíveis que significam e realizam o encontro com Deus na realidade humana e através deles, prestamos o culto a Deus. Ano Litúrgico, que não é um sacramento, também é memorial de Cristo. Cito o Dicionário de Liturgia: “O Ano Litúrgico não é uma idéia, mas uma pessoa, Jesus Cristo e seu mistério atuado no tempo e que hoje a Igreja celebra sacramentalmente como ‘memória’, ‘presença’ e ‘profecia’” (Bergamini). Isso quer dizer que o Ano Litúrgico, celebrando a vida de Cristo, em suas diversas etapas, torna presente a ação santificadora da Salvação dada em Cristo. Igualmente é uma permanente catequese e um conhecimento mais aprofundado de seus ensinamentos. É também uma profecia, quer dizer, instrui e mostra nossa realidade futura. Para viver a espiritualidade é preciso seguir o Ano Litúrgico introduzindo-se em suas celebrações para aprender mais e, assim, viver melhor, para celebrar com mais profundidade. Assim, celebrando, aumenta-se a capacidade de vida e aprendizado que leva a celebrar melhor. Nessa espiral vamos crescendo nAquele que é nossa vida e nossa esperança. O Ano Litúrgico divide-se em 3 tempos: tempo pascal, o centro da vida cristã, tempo da manifestação com o Natal e tempo comum com a celebração não de uma festa, ou memória particular de Cristo, mas a celebração do Mistério de Cristo e da Igreja em sua globalidade, toda semana, em especial no domingo.
História da Quaresma, perdas e ganhos
O tempo pascal tem como preparação a Quaresma. Ela se formou do decorrer dos séculos. Já no século II há um período de preparação para a Páscoa. O que primeiro surge é o jejum de preparação para a Páscoa. Os cristãos conheciam o jejum. Para a Páscoa o jejum inicialmente era de uma semana, passando depois para três e, finalmente, para 40 dias, inspirados no jejum de Jesus. Como não se faz jejum no domingo, aumentam-se 6 dias, o que acontece desde 4ª feira de cinzas até a Quinta-feira Santa. Posteriormente, até o século VIII, predomina o caráter batismal, com o catecumenato. Cada época dá sua contribuição para o modo de se fazer a Quaresma. Perdem-se coisas passadas e ganham-se coisas novas. Algumas perduram. No Brasil, a Campanha da Fraternidade invadiu a liturgia quaresmal, criando um esquecimento da Quaresma litúrgica. Agora se chegou a um equilíbrio e já se dá mais valor à liturgia. Houve um enriquecimento voltado à caridade, baseado no tema da Campanha. Surgiram as celebrações nas casas e nas comunidades. Perdeu-se o caráter de seriedade, proibições e medos. Algumas perdas foram tristes, mas outras necessárias. Nosso tempo tem seu modo de agir.
Quaresma, caminho para Páscoa
O caminho da Quaresma termina na Páscoa, passando pela Paixão, Morte e Sepultura de Jesus. Esse tempo tem por finalidade a conversão para uma vida mais cristã, deixando de lado os vícios e pecados e assumindo os meios para viver o evangelho. Isso significa participar do Mistério Pascal de Cristo. Notamos que são sugeridos três meios: oração, jejum e esmola. São os meios evangélicos que fazem oposição às tendências naturais dominadas pelo pecado. Somos tentados pelo ter, pelo orgulho e pelo prazer. Nada disso é mau. Mas pode ser um mal se vivemos sem Deus. Essas paixões podem ser domesticados pelos meios apresentados. O que se tem que perguntar é: o que estou fazendo para preparar bem a Páscoa?
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM MARÇO DE 2007
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