Evangelho segundo São João 20,2-8.
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram».
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro.
Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro.
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte.
Entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, viu e acreditou.
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge beneditino
As obras do Espírito Santo,IV,10;SC165
O discípulo que teve «o conhecimento
do mistério de Deus: Cristo, em Quem
estão escondidos todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento» (Col2,2-3)
Tal como recebeu a graça de Jesus o amar e lhe permitir inclinar-se sobre o seu peito na Última Ceia (cf Jo 13,23), João recebeu com abundância os dons do entendimento e da sabedoria – o entendimento para compreender as Escrituras, e a sabedoria para escrever os seus próprios livros com arte admirável. Na verdade, não recebeu este dom quando descansou sobre o peito do Senhor, apesar de ter tocado o coração «onde estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col 2,3). Quando João diz que, ao entrar no túmulo, «viu e acreditou», reconhece que «ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos» (Jo 20,9). Tal como os outros apóstolos, João recebeu a sua medida em plenitude quando o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos [no Pentecostes], quando a graça foi dada a cada um «segundo a medida do dom de Cristo» (Ef 4,7). O Senhor Jesus amou este discípulo mais do que os outros e abriu-lhe os segredos do Céu para fazer dele o escrivão do mistério profundo sobre o qual o homem não é capaz de falar por si mesmo: o mistério do Verbo, da Palavra de Deus, do Verbo que Se fez carne; ele é fruto desse amor. Mas, embora o amasse, não foi a ele que Jesus disse: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja» (Mt 16,18). Jesus amou todos os seus discípulos, e especialmente Pedro, com um amor espiritual e da alma, mas amou João com um amor do coração. Na ordem do apostolado, Simão Pedro recebeu o primeiro lugar e as «chaves do Reino dos Céus» (Mt 16,19); João recebeu outro legado: o Espírito de entendimento, que é «alegria e coroa de júbilo» (Sir 15,6).
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