PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
A comunicação é fundamental. São tantas as maneiras de se expressarem os pensamentos, os sentimentos e os desejos. É tão importante a comunicação, que o Filho eterno do Pai se chama o Verbo. Nas culturas mais ligadas ao início de nossa fé o termo palavra (Dabar – Logos – Verbum) tem um sentido tão denso que se une à própria pessoa. “E o Verbo se fez carne.” A Palavra de Deus se fez manifestação. Com a Palavra nos veio tudo o que Deus é e quer revelar. Na carta aos Hebreus está escrito: “Ultimamente falou-nos através do Filho” (Hb 1,2). O Filho é a Palavra do Pai que se encarna. Sabemos que a palavra supõe o outro que ouve. A atitude fundamental do cristão diante da Palavra é ouvir, como canta o salmo: “Quero ouvir o que o Senhor vai falar” (Sl 85,9). O jovem Samuel diz essa bela expressão: “Fala, Senhor, que teu servo escuta” (Sm 3,10). Às vezes ficamos preocupados em participar bem de uma missa ou dos demais atos religiosos. Basta estar com os ouvidos abertos. Mesmo que o sentido do ouvido humano esteja falhando, o sentido da audição espiritual deve estar atento. Impressiona-me muito esta frase: “Somos uma religião do ouvido”. Queremos muita participação do povo na celebração, mas a participação fundamental é ouvir bem, também com o ouvido espiritual, pois é por ele que a semente cai na terra, germina e faz a planta da fé crescer, produzir frutos e abundante colheita. É a palavra que é lançada em nosso coração através de nosso ouvido físico e espiritual. É o Senhor quem fala de tantos modos.
A Palavra é mais que um livro
A Igreja tem uma estrutura sacramental, isto é, um lado invisível que é divino e um visível que é o humano. A própria Encarnação tem uma estrutura sacramental, isto é, sinal visível que mostra uma realidade invisível. Jesus é chamado de sacramento do Pai. A Igreja é o sacramento de Cristo, continuando-o e tornando-o visível. A Igreja tem sete sacramentos que não esgotam toda a Graça, mas são sete indicações da plenitude da Graça que é muito mais abrangente. Assim também a Palavra de Deus se serve do Livro Santo que é seu sacramento. O Livro Santo é como o Pão que é o Corpo do Senhor. É um sinal sensível, mas não o retém e aprisiona. O Livro é o sacramento da Palavra. A palavra escrita é o sinal sensível da Palavra viva. Aqui vemos o erro do fundamentalismo que faz do texto uma prisão da Palavra. Deus fala de muitos modos. Jesus é a Palavra viva que se expressa em palavras de vida. É preciso conhecer as palavras do Livro Santo, mas não parar na letra como já se fez e se faz agora. É preciso ouvir o Filho que fala revelando a vontade do Pai.
Com o Livro nas mãos e no coração
Se o Livro Santo é o sacrário da Palavra, cada cristão é sua tradução no palpitar da vida. Não sem razão se diz que a vida de cada um talvez seja o único evangelho que muita gente possa ler. Pouco adianta estar repetindo as palavras, se elas não passam pelo coração onde são bombeadas para todo o organismo espiritual. Cada palavra da Escritura tem um sentido profundo e sempre novo. A Palavra é sempre nova e capaz de gerar vida. O cristão que fica longe da Palavra está longe de Cristo porque Cristo é a Palavra. Seja ouvinte da Palavra para ser um distribuidor para o mundo que passa fome do pão da vida e do pão que sacia o corpo. Leia sempre, medite muito, viva bem, anuncie com alegria.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JUNHO DE 2005
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