quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “O amor é garantido para sempre”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Quanto vale um copo d’água
 
Belo ensinamento encontramos hoje nos lábios de Jesus. Ele nos ensina o tratamento que devemos dar aos outros. O acolhimento das pessoas e o gesto de doação são um contínuo sair de si para ir ao encontro do outro. Parece que Deus está na contramão. Entrando nessa contramão vamos nos chocar com a felicidade. Jesus dá valor ao que não parece ter. Por exemplo, Ele diz que o gesto pequeno de dar um copo d’água a quem o pede tem valor e tem sua recompensa. A recompensa podemos ver nas palavras: “é a Mim que é feito este gesto”. “Quem vos recebe é a Mim que recebe”. O preço do copo d’água está no valor do gesto. O pequeno gesto tem um valor infinito porque envolve a totalidade do dom de Deus em nós, que é o amor. Deus é amor. Tudo o que é amor vem de Deus e leva a Deus. O valor está na união ao gesto de Cristo que acolhe e se entrega. A primeira leitura mostra–nos o gesto da sunamita que dá hospedagem ao profeta Eliseu e é recompensada com o nascimento de um filho. Jesus diz no Evangelho: “Quem acolhe um profeta na qualidade de profeta receberá a recompensa de um profeta” (Mt 10,4). Que recompensa? “Quem vos recebe é a mim que recebe”. A recompensa é Ele próprio. Quem receber o pequeno com um copo d’água, recebe o próprio Cristo. A vida cristã consiste fundamentalmente e em primeiro lugar em acolher Cristo que está “realmente presente no outro”. Como seria diferente nossa vida espiritual se tivéssemos essa consciência. 
Como agradar Jesus? 
Para agradar Jesus seguimos Sua palavra e Seu modo de ser. Vimos que Ele vem contramão. Para segui-lo propõe aos apóstolos: “Quem ama seu pai, mais que a mim não é digno de mim. Quem não toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar sua vida vai perdê-la” (Mt 10,37-39). Ele não quer desprezar os valores da família, da vida e a si próprio. Não diz que o valor da vida está no sofrimento nem nega a bondade da natureza. Se assim fosse, não teria assumido a natureza humana como o melhor meio para a realização da redenção da humanidade. Na realidade, o que Jesus propõe é o equilíbrio orientado pelo amor preferencial que damos a Ele. Jesus resgata os homens do infantilismo e egoísmo destrutivos. Jesus quer dizer que o importante é viver como Ele viveu. Pode parecer duro mas é libertar-se de si mesmo para ser dono de si. Amar a vida com seus prazeres é bom. É preciso estar acima deles e fazer das energias do prazer um instrumento de serviço ao próximo. Isso é o que chamamos de agradar a Cristo. Pensamos que Deus vem na contramão. Somos nós que nos enganamos.
Morrer em Cristo 
Todos esses pensamentos são analisados por Paulo dentro da temática batismal. Ser batizado é entrar na morte de Cristo. Pelo batismo participamos da morte de Jesus e de Sua ressurreição. A partir daí vivemos a vida nova de ressuscitados que é a mesma vida de Cristo. Entramos na contramão com Deus porque estamos vivos e não sendo levados por ventos que, mesmo belos, nos conduzem à morte. Acolher o próximo é sinal de vida. A vida espiritual será construída a partir de gestos concretos e humildes de acolhimento e amor. Vejamos os santos: eram pessoas amáveis e dedicadas aos outros, de modo humilde. 
Leituras:1 Reis,4,8-11.14-16a;Salmo 88; 
Romanos 6,3-4.8-11; Mateus 10,37-42. 
Ficha: 1. E tudo o que fazemos para os outros é a Ele que fazemos e Ele mesmo é a recompensa: Quem der um copo d’água a um pequenino é a Mim que o faz. A vida cristã se modela pelo seguimento de Jesus que nos acolhe. O amor de acolhimento é o modo mais completo de acolher a Cristo que vem ao nosso encontro. 
2. Deus parece que está na contramão. Tudo o que nos parece interessante, Deus está dizendo o contrário. Gostamos da família Ele diz: “Quem ama pai e mãe mais que a mim, não é digno de mim”. Falando de felicidade Ele propõe um caminho mais árduo: “Quem não toma sua cruz não é digno de mim”. “Quem procura conservar a vida vai perdê-la, mas quem a perde por minha causa vai encontrá-la”. Jesus não está propondo somente a dureza e a negação da vida, mas colocando o que vale mais. Não pretende prejudicar nem a vida, nem a família nem a nós. 
3. O gesto de acolhimento e de colocar Cristo em primeiro lugar diante de todas as nossas opções é participar de sua morte e ressurreição. Esse é o caminho para viver a santidade em nossa vida. 
Homilia do 13º Domingo do Tempo Comum
EM JUNHO DE 2005

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