PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Belo ensinamento encontramos hoje nos lábios de Jesus. Ele nos ensina o tratamento que devemos dar aos outros. O acolhimento das pessoas e o gesto de doação são um contínuo sair de si para ir ao encontro do outro. Parece que Deus está na contramão. Entrando nessa contramão vamos nos chocar com a felicidade. Jesus dá valor ao que não parece ter. Por exemplo, Ele diz que o gesto pequeno de dar um copo d’água a quem o pede tem valor e tem sua recompensa. A recompensa podemos ver nas palavras: “é a Mim que é feito este gesto”. “Quem vos recebe é a Mim que recebe”. O preço do copo d’água está no valor do gesto. O pequeno gesto tem um valor infinito porque envolve a totalidade do dom de Deus em nós, que é o amor. Deus é amor. Tudo o que é amor vem de Deus e leva a Deus. O valor está na união ao gesto de Cristo que acolhe e se entrega. A primeira leitura mostra–nos o gesto da sunamita que dá hospedagem ao profeta Eliseu e é recompensada com o nascimento de um filho. Jesus diz no Evangelho: “Quem acolhe um profeta na qualidade de profeta receberá a recompensa de um profeta” (Mt 10,4). Que recompensa? “Quem vos recebe é a mim que recebe”. A recompensa é Ele próprio. Quem receber o pequeno com um copo d’água, recebe o próprio Cristo. A vida cristã consiste fundamentalmente e em primeiro lugar em acolher Cristo que está “realmente presente no outro”. Como seria diferente nossa vida espiritual se tivéssemos essa consciência.
Como agradar Jesus?
Para agradar Jesus seguimos Sua palavra e Seu modo de ser. Vimos que Ele vem contramão. Para segui-lo propõe aos apóstolos: “Quem ama seu pai, mais que a mim não é digno de mim. Quem não toma sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar sua vida vai perdê-la” (Mt 10,37-39). Ele não quer desprezar os valores da família, da vida e a si próprio. Não diz que o valor da vida está no sofrimento nem nega a bondade da natureza. Se assim fosse, não teria assumido a natureza humana como o melhor meio para a realização da redenção da humanidade. Na realidade, o que Jesus propõe é o equilíbrio orientado pelo amor preferencial que damos a Ele. Jesus resgata os homens do infantilismo e egoísmo destrutivos. Jesus quer dizer que o importante é viver como Ele viveu. Pode parecer duro mas é libertar-se de si mesmo para ser dono de si. Amar a vida com seus prazeres é bom. É preciso estar acima deles e fazer das energias do prazer um instrumento de serviço ao próximo. Isso é o que chamamos de agradar a Cristo. Pensamos que Deus vem na contramão. Somos nós que nos enganamos.
Morrer em Cristo
Todos esses pensamentos são analisados por Paulo dentro da temática batismal. Ser batizado é entrar na morte de Cristo. Pelo batismo participamos da morte de Jesus e de Sua ressurreição. A partir daí vivemos a vida nova de ressuscitados que é a mesma vida de Cristo. Entramos na contramão com Deus porque estamos vivos e não sendo levados por ventos que, mesmo belos, nos conduzem à morte. Acolher o próximo é sinal de vida. A vida espiritual será construída a partir de gestos concretos e humildes de acolhimento e amor. Vejamos os santos: eram pessoas amáveis e dedicadas aos outros, de modo humilde.
Leituras:1 Reis,4,8-11.14-16a;Salmo 88;
Romanos 6,3-4.8-11; Mateus 10,37-42.
Ficha:
1. E tudo o que fazemos para os outros é a Ele que fazemos e Ele mesmo é a recompensa: Quem der um copo d’água a um pequenino é a Mim que o faz. A vida cristã se modela pelo seguimento de Jesus que nos acolhe. O amor de acolhimento é o modo mais completo de acolher a Cristo que vem ao nosso encontro.
2. Deus parece que está na contramão. Tudo o que nos parece interessante, Deus está dizendo o contrário. Gostamos da família Ele diz: “Quem ama pai e mãe mais que a mim, não é digno de mim”. Falando de felicidade Ele propõe um caminho mais árduo: “Quem não toma sua cruz não é digno de mim”. “Quem procura conservar a vida vai perdê-la, mas quem a perde por minha causa vai encontrá-la”. Jesus não está propondo somente a dureza e a negação da vida, mas colocando o que vale mais. Não pretende prejudicar nem a vida, nem a família nem a nós.
3. O gesto de acolhimento e de colocar Cristo em primeiro lugar diante de todas as nossas opções é participar de sua morte e ressurreição. Esse é o caminho para viver a santidade em nossa vida.
Homilia do 13º Domingo do Tempo Comum
EM JUNHO DE 2005
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