Evangelho segundo São Lucas 10,25-37.
Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?».
Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?».
Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás».
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?».
Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto.
Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: "Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar".
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?».
O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1858-1916)
Eremita e missionário no Saara
Salmo 52, § 103
A misericórdia do Samaritano divino
Que bom fostes, Samaritano divino, levantando este mundo ferido, lamentavelmente caído no caminho, mergulhado na lama e indigno da vossa bondade!
Quanto pior é o mundo, mais brilha a vossa misericórdia: ser infinitamente bom para os bons é mil vezes menos admirável que ser infinitamente bom para seres que, ainda que cumulados de graças, são todos ingratidão, infidelidade, perversidade. Quanto piores somos, mais brilha e mais irradia a maravilha da vossa infinita misericórdia. Basta isto para explicar o grande bem que o pecado produz neste mundo, e explicar que o tenhais permitido: ele dá lugar a um bem incomparavelmente maior, que é o exercício e a manifestação da vossa misericórdia divina. Sem ele, este atributo divino não poderia manifestar-se; a bondade poderia exercer-se e manifestar-se sem o pecado, mas a misericórdia só se exerce sobre o mal. Meu Senhor e meu Deus, que bom sois, que misericordioso! A misericórdia é, por assim dizer, o excesso da vossa bondade, aquilo que a vossa bondade tem de apaixonada, o peso pelo qual a vossa bondade se sobrepõe à vossa justiça. Vós sois divinamente bom! Sejamos bons com os pecadores, porque Deus é tão bom connosco; rezemos por eles e amemo-los. Sejamos misericordiosos como o nosso Pai é misericordioso (cf Lc 6,36), pois Deus prefere a misericórdia aos sacrifícios (cf Mt 12,7).
Nenhum comentário:
Postar um comentário