Rolando Rivi, da morte pela batina à glória dos altares: "estou estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus", dizia o jovem em resposta àqueles que lhe recomendavam o abandono da veste talar.
A Igreja concedeu ao seminarista Rolando Rivi - morto aos 14 anos pelos partiggiani, grupo comunista italiano - a glória dos altares. A cerimônia de beatificação, celebrada dia 05 de outubro de 2013, na cidade de Modena, Itália, foi presidida pelo Cardeal Ângelo Amato, atual prefeito da Congregação para causa dos santos.
Rolando Rivi (à esquerda da foto) e sua família. |
Rolando Rivi teve de enfrentar o ódio da ideologia marxista logo após o término da II Guerra Mundial. Devido à ocupação alemã do seminário em que estudava, em 1944, na Diocese de Reggio Emilia, Rivi e os demais seminaristas foram obrigados a abandoná-lo. Em casa, não só deu continuidade aos estudos, como também ao uso da batina, mesmo sendo recomendado pelos pais a não usá-la, por causa da hostilidade à religião que pairava naquela época. "Estou estudando para ser padre e a batina é o sinal que eu sou de Jesus", dizia o jovem.
A Itália enfrentava uma forte onda de terrorismo. O governo fascista amedrontava o país ao mesmo tempo em que brigadas vermelhas tinham a intenção de substituir o autoritarismo de Mussolini pelo totalitarismo de Stalin. No fogo cruzado, várias vidas foram ceifadas, dentre elas a de Rolando Rivi e mais 130 padres e seminaristas.
O martírio do rapaz deu-se a 10 de abril de 1945. Trajando a veste talar, Rolando foi alvo fácil da facção partiggiani, grupo comunista que combatia tanto os nazistas quanto os fascistas e que, também, odiavam a Fé Católica. Acabou sequestrado assim que saiu da igreja, onde acabara de assistir à Santa Missa. Permanecendo três dias sob o domínio dos torturadores, de cujas mãos recebeu maus-tratos físicos e morais, todo ferido, Revi alcançou a coroa do martírio, de joelhos, com dois tiros à queima roupa.
A propósito da beatificação, o bispo de San Marino e presidente da Comissão de Rolando Rivi, órgão responsável pelos cuidados da canonização do seminarista, declarou que "nesta causa está em jogo não só o reconhecimento da santidade de vida e do martírio de Rolando, mas muito do destino da Igreja, não só na Itália". Para Dom Luigi Negri, o testemunho do mártir beato dá à Igreja "novo sangue". "Se no corpo da Igreja circular também o sangue de Rolando Rivi, mártir simples e puríssimo assassinado por ódio à Fé com apenas 14 anos pela violência da ideologia marxista, se circular o sangue do seu testemunho de vida e do seu amor total a Jesus, nós daremos à Igreja nova energia para voltar a ser uma Igreja fiel a Cristo e apaixonada pelo homem".
A Santa Sé incluiu o Beato Rolando Rivi no Calendário Litúrgico Italiano no dia 29 de maio. A partir de agora, o jovem beato pode ser venerado publicamente em toda a Itália, especialmente na Arquidiocese de Modena, onde foi assassinado, e na Diocese de Reggio Emilia, na qual estudou o seminário. Nos demais países, a não ser que haja autorização de Roma, os fiéis podem venerá-lo somente em culto privado, enquanto ele não for declarado santo. É o primeiro seminarista proclamado beato por martírio na História da Igreja italiana.
Nestes tempos de laicização do clero, em que tanto se prega a desobediência e a intolerância às coisas santas, o martírio de Rolando Rivi lembra as belíssimas palavras de Dom Francisco de Aquino Correa (Arcebispo de Cuiabá entre os anos de 1922 e 1956): "Oh! Como o bravo envolto na bandeira, contigo hei de morrer, minha batina! Ó minha heroica e santa companheira".
Tivesse vivido mais algumas décadas, Rivi veria outros revolucionários, desta vez infiltrados dentro da própria Santa Igreja, promover o ódio e o abandono do hábito talar. Que seu sangue e seu santo e corajoso exemplo sejam semente de santas e numerosas vocações.
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