sábado, 23 de novembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Os profetas falavam de Mim”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Cumprem-se as profecias 
Quando lembramos as histórias da vida de Jesus, as acolhemos com carinho. Outros podem duvidar ou não acreditar. Até podem dizer: coisa inventada. Além do aspecto da verdade de fé de quem acolheu e acreditou, temos também estes aspectos históricos. Não temos documentos imediatos, como temos hoje. Mas temos a vida de uma comunidade que não trabalhava com instrumentos, mas com uma memória fabulosa. Esses conhecimentos foram passados por tradição, até que se chegou aos evangelhos. Mesmo que tenham um esquema teológico para a narração, foram escritos no tempo em que havia ainda pessoas que presenciaram os fatos. Vemos S. Lucas dizer no início de seu evangelho “que muitos tentaram compor a narração dos fatos que se cumpriram entre nós – conforme no-los transmitiram os que, desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da Palavra... a mim pareceu conveniente, após acurada investigação de tudo desde o princípio, escrever-te de modo ordenado”... (Lc 1,1-4). A vinda de Jesus não se reduz só a um acontecimento histórico, mas foi anunciada pelas profecias. Vemos no evangelho de Mateus, como o autor procura narrar os fatos da vida de Jesus, como realização das profecias. Ele não é um caso, mas o ponto de chegada de uma profecia. Seu ensinamento foi confiado a homens simples que não teriam capacidade de inventar tamanha riqueza. Jesus mesmo disse, no dia da Ressurreição, quando se encontra com os discípulos no caminho de Emaús: “Começando por Moisés e por todos os profetas, interpretou-lhes em todas as escrituras o que a Ele dizia respeito” (Lc 24,27)... “Era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc 24,44), diz Jesus antes de subir ao Céu.
A comunidade forma a liturgia 
Temos uma bela liturgia no Domingo de Tríduo Pascal. Temos que separar a liturgia dos momentos da piedade popular com suas procissões, teatros e belas orações. A origem das celebrações da Semana Santa está na Igreja de Jerusalém, que é chamada de mãe e mestra de liturgia. Ela tem uma especialidade que não temos. As celebrações se faziam nos lugares dos acontecimentos. Aí foram construídas as basílicas, como a da Ressurreição que passou a se chamar Santo Sepulcro. É uma liturgia geográfica. Mas sempre voltada para o lugar da sepultura e ressurreição de Jesus. Há uma autora de um diário de viagem que participou das celebrações de Jerusalém, pelo ano de 380 (Etéria) que narra justamente esse aspecto. Os costumes dessa santa Igreja fundada sobre a tradição passaram para outras comunidades, como, por exemplo, a procissão de Ramos. Para os cristãos da atual Jerusalém, essa procissão é como a nossa procissão do Senhor Morto. É imensa e faz o mesmo trajeto feito por Jesus, de Betfagé a Jerusalém. Com o correr dos séculos, a Igreja de Roma organizou essas celebrações que chegaram ao que temos hoje. 
Nossa contribuição 
Todos os séculos deram sua contribuição, para que a celebração fosse sempre mais condizente, como mistério celebrado e o povo que celebra. Recebemos tanta herança do passado que, quando começaram, eram atuais para o tempo. Com isso não precisamos depender somente do passado, mas oferecer nossa humilde e consistente colaboração. Do contrário, a liturgia vira museu. Nada precisa ser eliminado, mas renovado e promovido. Não precisamos destruir. Fazendo bem, nos ajuda a descobrir o que mais podemos fazer. Há tantos elementos que podemos colocar que não danificam o que é celebrado. Uma coisa que podemos fazer e ajudar, é proporcionar a participação mais ativa das pessoas.

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