PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Deus entregou o Filho
Fé é um dom e um desafio. Quem não recebe o dom, não tem fé. E como receber a fé? Pedro e João, quando curam o aleijado no templo, fazem um discurso e dizem que aquele homem foi curado pela invocação de Jesus: Pedro disse ao homem: “Em nome de Jesus Cristo Nazareno, anda!” (At 3,6). Em nome significa a pessoa. Quando se aceita Jesus como Salvador, recebe-se o dom da fé. É Deus quem toca o coração. Muitos ouviram a Palavra, nem todos a acolheram. Muitos ouviram Jesus pessoalmente e não creram. O fundamento da fé é Deus que se volta para sua criatura e lhe oferece a participação de sua Vida. Num processo longo de preparação, entregou seu Filho amado para que nos desse essa Vida. Para isso, assumiu nossa condição humana em tudo, menos no pecado (Hb 4,15). Os grandes desafios da fé é acolher e aceitar a maneira como Deus age para se comunicar conosco. Abaixou-se totalmente, ao último, para assumir em tudo o ser humano, sem perder sua Divindade. Paulo nos diz na carta aos Filipenses: “Esvaziou-se a si mesmo, assumiu a condição de servo, tomando a semelhança humana... humilhou-se e foi obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,7-8). Por que chegar ao extremo? Porque não será nunca amor se não for completo. Deus O entrega como totalidade de sua doação. O Filho assume o projeto do Pai e vai até o fim. Para uma fé que não é total, não é possível entender o modo de ser de Deus. Assumir Jesus nessa condição exige um total esvaziamento de si mesmo, para poder entender esse gesto amoroso de Deus. O resultado dessa entrega até a morte é a Ressurreição, que coroa toda obra da redenção. Se participarmos com Ele na morte, participamos na Vida.
Veio para todos
A resposta de fé tem uma exigência de totalidade. Não se crê em uma parte. Há gente que diz: “Sou católico, mas não aceito isso ou aquilo”. Não está sendo verdadeiro, pois negar uma verdade é negar todas. Digo verdade e não tradições ou teorias. Desse modo, podemos ver as grandes conversões. Converteram-se totalmente. Por outro lado vemos como a vida cristã se torna frágil pela falta de uma fé madura. Madura é quando assumimos Jesus em nossa vida do jeito que Ele é. Homem como nós, e Deus como o Pai. Como homem sofreu a paixão. Como Deus, permanece vivo. Jesus assumiu a vida da humanidade, não de um grupo selecionado. Jesus veio para todos. Há muitas religiões que nem falam de Jesus. Isso não bloqueia o dom de Deus. Se alguma religião cultiva os ensinamentos de Jesus, ali se encontra o aspecto da verdade que salva e liberta. Podemos até afirmar que, onde há o amor, aí Deus está, e esta é a religião fundamental. Temos que ter firme que Deus veio para todos. Há um caminho que chamamos Igreja, que tem a missão de levar a todos essa mensagem.
Tudo converge para Ele
O dom da fé não é uma devoção. Há pessoas que dizem ter muita fé. Na verdade têm muita devoção. A devoção é boa. Mas se não nos leva à fé em Jesus como Redentor, não ajuda. “Fé é um modo de já possuir o que se espera e um meio de conhecer as realidades que não se vêem” (Hb 11.1). Como Jesus veio do Pai, Ele nos leva de volta ao Pai em sua comunicação. Paulo nos ensina que tudo caminha para Cristo (Ef 1,10). Podemos dizer que o mundo se afasta de Deus, da religião, do bem. Perguntamos se a culpa não é nossa que não anunciamos Jesus com clareza ou ensinamos devoções e manias pessoais. Sem Cristo, nós nos afastamos do projeto do Pai.
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