Evangelho segundo São Lucas 19,41-44.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximou de Jerusalém, ao ver a cidade, chorou sobre ela e disse:
«Se ao menos hoje conhecesses o que te pode dar a paz! Mas não. Está escondido a teus olhos.
Dias virão para ti, em que os teus inimigos te rodearão de trincheiras e te apertarão de todos os lados.
Esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre pedra, por não teres reconhecido o tempo em que foste visitada».
Tradução litúrgica da Bíblia
Santo Agostinho(354-430)
bispo de Hipona (norte de África),
doutor da Igreja
Discursos sobre os Salmos,Sl121,§3,12
«Se ao menos hoje conhecesses
o que te pode dar a paz!»
«Que alegria, quando me disseram:
"Vamos para a casa do Senhor!"
Os nossos pés detêm-se às tuas portas,
ó Jerusalém!» (Sl 121,1-2)
Que Jerusalém é esta? Há na Terra uma cidade com este nome, mas que é uma sombra da outra Jerusalém. Que felicidade poderá haver em viver na Jerusalém deste mundo, que não conseguiu sustentar-se e caiu em ruínas? [...] Não é da Jerusalém deste mundo que fala aquele que tem tanto amor, tanto ardor, tanto desejo de alcançar a Jerusalém «nossa mãe», que o apóstolo Paulo afirma ser «eterna nos Céus» (Gal 4,26; 2Cor 5,1). [...]
Jerusalém, que «haja paz dentro das tuas muralhas» (Sl 121,7). Que haja paz no teu amor, porque o amor é a tua muralha. Oiçamos o Cântico dos Cânticos: «Forte como a morte é o amor» (8,6). [...] Com efeito, o amor destrói aquilo que fomos, para nos permitir, por uma espécie de morte, tornarmo-nos aquilo que não éramos. [...] Era esta morte que se operava naquele que afirmou: «O mundo está crucificado para mim e eu para o mundo» (Gal 6,14). E é desta morte que fala este mesmo apóstolo quando afirma: «Vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus» (Col 3,3). Sim, «forte como a morte é o amor». E, se o amor é forte, também é poderoso e tem grande força; ele é uma muralha. [...] Assim, pois, que haja paz dentro das tuas muralhas, Jerusalém, no teu amor.
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