quarta-feira, 20 de novembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus é rico em Misericórdia”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Instrumentos de Deus 
Deus é fiel à sua aliança, mesmo tendo feito o povo pagar caro por sua desobediência. Mesmo castigando, Deus é “rico em misericórdia” e não traz a libertação. E mais ainda, escolhe estrangeiros pagãos para cumprirem seus desígnios de libertação. É o caso do Ciro, rei da Pérsia. O povo havia pecado. Os profetas chamaram à conversão. Não adiantou. Veio o rei Nabucodonosor destruiu o templo, a cidade e levou o povo para o exílio. E foi duro. O sofrimento amoleceu, educou o coração do povo, como pudemos ver no maravilhoso salmo 136, no qual cultivam sentimentos que não deviam ter perdido quando pecavam. O mesmo ocorre quando o povo pecou no deserto e, como foi castigo, foram atacados por serpentes venenosas que mataram a muitos. Moisés mostrou a misericórdia de Deus. Fez uma serpente de bronze e a colocou num poste. Ela é o instrumento da misericórdia. Todo aquele que olhasse para ela seria curado. Era algo estranho: olhar para a serpente e ser curado. Não era idolatria, era o coração arrependido. Essa serpente será destruída no tempo do rei Ezequias porque começaram a adorá-la (2Rs 18,4). Jesus na cruz é o instrumento que acolhe nossa fé. Podemos perguntar se não somos também instrumentos de Deus para a salvação dos outros. Seremos instrumentos escolhidos para a salvação dos outros. A salvação se dá pela graça, mediante a fé. Isso é dado pela graça que salva, mediante a fé. Não vem de nós, mas é dom de Deus. Tanta riqueza nos traz alegria que é o pré-anúncio da festa da Páscoa, libertação de todo mal. 
Deus age por meio do Filho 
Jesus é levantado, quer dizer crucificado. Deus age por meio Dele para que tenhamos vida: Como a serpente no poste, “o Filho do Homem será levantado para que todos os que Nele crerem tenham a vida eterna” (Jo 3,15). Em seu amor, Deus não quer que ninguém morra, mas tenha a vida eterna. A recusa é já condenação. Deus não força ninguém a crer. Cada um deve fazer sua escolha. A salvação é dom de Deus, que dá abundantemente a todos que se abrem à fé. Não são as obras que salvam. As obras são a consequência da fé. As obras manifestam a fé que temos, como nos ensina S. Tiago: “Mostra-me tua fé sem as obras e eu te mostrarei a fé pelas minhas obras” (Tg 2,18). Não são as obras que salvam, mas a fé que se manifesta através delas. O tempo quaresmal nos facilita viver a fé em Cristo Salvador e, pelas obras da oração, da penitência e da caridade, mostrar os efeitos da fé. Dentro do quadro da fé, não podemos deixar de refletir sobre a tentação que quer nos persuadir. Essa tentação se torna forte quando nos vem o sofrimento. Nossos sofrimentos não são resultado de nossos pecados. Ao contrário, já teríamos morrido. Mas temos que saber vivê-los na fé. O povo sofreu longamente. Jesus não perdeu seu amor ao Pai por sofrer. 
Riqueza da graça
“É por graça que sois salvos, mediante a fé” (Ef 2,8). A palavra graça nos recorda o gesto de Deus de se abaixar e nos acolher. Fomos redimidos por puro amor de Deus. Por que temos fé? Por que fazemos as obras da caridade? Porque fomos tocados pela misericórdia e fomos ajudados a corresponder. Como se explica a vida cristã que temos, se não porque sabemos que fomos amados? Não são as obras que nos dão direitos diante de Deus, mas sua bondade que nos acolhe porque nos escolheu. “Fomos criados em Jesus Cristo para as boas obras, que Deus preparou de antemão para que as praticássemos”.

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