terça-feira, 26 de novembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Amou-os até o extremo do amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
2020. Por onde passa a Paixão 
Na “Semana das Dores” celebramos o Mistério Pascal de Cristo. É um mistério de dor e de glória. A Paixão sempre marcou o povo de Deus. Compreendemos pouco sobre a Ressurreição, pois não temos a experiência. As dores do Redentor são mais fáceis de compreender, mas difícil de aceitar. Estamos diante de um mistério extremamente chocante que é a Paixão, Morte e sepultura do Senhor Jesus, Deus feito homem. Como compreender que tenha chegado a esse ponto? A meditação da Paixão nos fere. Por que chegar a esse ponto? Jesus mesmo, no Horto das Oliveiras diz a Pedro que poderia pedir ao Pai que mandaria dez legiões de Anjos (60.000 – soldados). Não quis. Por quê? O que poderia convencer as pessoas do amor de Deus, se Deus não fosse ao extremo. Mesquinhos como somos, iríamos dizer que Deus não fez tudo para nos salvar, fez só uma parte. A humilhação, o aniquilamento do Filho de Deus estão presentes desde sua encarnação. O sofrimento da morte foi o ponto doloroso que tocou sua humanidade. Aqui o ser humano pode compreender a que ponto chegar para se fiel ao Pai. Temos muitíssimos mártires que passam também por esses sofrimentos, ainda hoje. Recebem força na sua fidelidade contemplando o sofrimento de Cristo. A dor penetra toda a humanidade. E Jesus, naquele momento, carregava consigo tudo o que há no universo. Ali estávamos nós também nos entregando a Deus e sendo aceitos. Não podemos contemplar a dor e sair sem amor. Contemplando o amor de entrega na cruz, podemos entender como atrair ao mesmo amor. 
2021. Vós que estivestes comigo 
Em Cristo, nós acolhemos a vontade do Pai e respondemos com uma decisão de vida que continua o amor de Cristo no mundo. Jesus sentiu muito a solidão da cruz, mas viu que os discípulos, mesmo dispersados, não deixaram de segui-lo. Jesus compreendia sua fragilidade, pois estiveram sempre com Ele: “E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações” (Lc 22,28). Em tudo Jesus estava com eles. No momento da dor e da morte sentiu esse apoio. Vemos como Pedro, mesmo tendo negado, segue-O. Depois da prisão, Pedro e João seguiam Jesus. João entrou no pátio e Pedro ficou fora. João, amigo da família, falou com a porteira e Pedro entrou (Jo 18,15-16). Estar com Jesus no sofrimento que passou, faz de nós também seus companheiros de sofrimento. O sofrimento de Jesus, para nós, não está presente somente nos crucifixos colocados nos ambientes. Bom, mas não são suficiente para nós. Temos que estar permanentemente junto a seus sofrimentos. Ele já ressuscitou, mas diz que continuamos sua Paixão: “Agora me alegro nos meus sofrimentos por vós e completo no meu corpo o que falta às aflições de Cristo, em benefício do seu Corpo, que é a Igreja” (Cl 1,24). 
2022. A Paixão continuada
Estamos em uma Paixão continuada. Continuar a Paixão não se trata do sofrimento e da dor, mas do mesmo amor com que Cristo caminhou para o Calvário, melhor, o que fez toda sua vida. Sabemos por experiência que a santidade está sempre coroada de espinhos. Na verdade não temos sossego. Há sempre algo a nos espetar. Paulo chamava esses sofrimentos de espinho na carne (2Cor 12,7). E não escolhe lado. Paulo explica que era para mantê-lo humilde. É o maior drama espiritual que vemos nas pessoas que não são capazes de perceber o que estão passando. Estão no mistério da Cruz. Às vezes são incompreensíveis os acontecimentos que levam a isso. Falta a sabedoria da Cruz. Mesmo entre os santos acontecem desajustes. São humanos. Não podemos descer da Cruz.

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