segunda-feira, 25 de novembro de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “O Rei que virá”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Humildade até o fim 
“Por isso Deus O exaltou!” Este é o fim de todo o mistério da humildade e da dor. Estamos celebrando o Domingo de Ramos, que resume em si a glória do Rei que vem a sua cidade e seu templo. Há uma profecia muito bonita do profeta Ageu, sobre a futura glória do templo: “Nesse lugar Eu darei a paz” (Ag 2,50). É o que quer nessa sua entrada em Jerusalém. Por isso faz uma lamentação sobre a cidade: “Ah! Se neste dia tu conhecesses a mensagem da paz” (Lc 19,41). Ele traz a paz na humildade que perpassa por toda sua vida, sobretudo na hora de sua Paixão. Nesse Domingo de Ramos, temos dois sentimentos: a glória que está reservada a Jesus e o sofrimento pelo qual deve passar. O povo O reconhece. Os chefes rejeitam. As crianças aclamam Hosana ao Filho de Davi. Hosana significa “Salva-nos” – é o mesmo que Kyrie, que significa: Senhor, tem piedade de nós. Os dois termos são aclamação. Esse Rei tão aclamado é o humilde que vem em paz. A vida de Jesus, sobretudo em sua morte, manifesta a humildade. A oração da missa nos leva a rezar: “Deus... para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na cruz”. A morte de Jesus e sua ressurreição são um ensinamento para a vida cristã: “Concedei-nos aprender o ensinamento de sua paixão e ressuscitar com Ele em sua glória” (oração). É pela humildade que compreendemos sua vida e sua paixão. Paulo descreve o processo dessa humildade, que vai ao extremo de ser obediente até a morte e morte de cruz (Fl 2,6-11). Foi assim que os primeiros cristãos conheceram Jesus, tanto que Paulo recolhe esse hino já cantado na comunidade. 
Abriu os ouvidos 
A humildade de Jesus está descrita no cântico do Servo de Javé, escrito por Isaias na manifestação de sua obediência. Porque soube ouvir, tornou-se obediente e humilde. Mesmo no máximo abandono da cruz, pode elevar seu grito Àquele em quem sempre confiou e tinha certeza que podia ter confiança, mesmo no extremo abandono: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes” (Sl 21). O termo usado pelo profeta, “abrir os ouvidos” que é a palavra obediência, significa estar sempre atento em saber o que o Senhor vai falar. “Não Lhe resisti nem voltei atrás” (Is 50,5). Ouvir é acolher e a força de ir até o fim, como aconteceu com Jesus. Ele tinha condições, pois disse a Pedro, no Horto das Oliveiras, que poderia pedir ao Pai e Ele enviaria doze legiões de Anjos para defendê-lo (60.000 anjos). Mas é obediente e quer que se cumpram as Escrituras: “Como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais, isso deveria acontecer?” (Mt 26,54). Confiava que a obediência o levaria até o fim no cumprimento da vontade do Pai. 
Exemplo de humildade 
O Sacerdote: “Ó Deus... para dar um exemplo de humildade quisestes que vosso Filho se fizesse homem e morresse na cruz”. Não é um bom conselho. Contudo, estamos iniciando um período fundamental da fé cristã, que é o Mistério Pascal de Cristo em sua Paixão, Morte e Ressurreição. Então é profundo. Humildade está presente na Santíssima Trindade em seu relacionamento interno. Acolher Um ao Outro em sua totalidade de ser é o sentido de humildade. Essa humildade, Deus a revelou em Jesus, para que entrássemos nessa sua comunhão de vida e de ação. Acolhendo Jesus e sua Palavra, poderemos celebrar intensamente sua Paixão e Páscoa. Não se trata de um bom sentimento, mas de um sacramento no qual celebramos. Somos salvos, isto é, participamos da vida de Deus.

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