Santo André Humberto Fournet nasceu em Saint Pierre de Maillé, no Poitou, França, no ano 1752. Santa Joana Isabel Bichiers des Ages, sua compatriota, nasceu no castelo de Ages, em 5 de julho de 1773. Estas datas são de importância, pois se ambos não tivessem enfrentado os perigoas da Revolução Francesa, suas vidas teriam sido totalmente diferentes. Ele teria sido um bom sacerdote, mas que logo seria esquecido por não ter deixado um traço marcante; ela seria uma esposa fiel ou uma boa religiosa, mas seus méritos não ultrapassariam os limites do seu povoado ou os muros de um claustro. Eles, todavia, se tornaram conhecidos por uma obra esplêndida.
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A família de Joana Isabel era profundamente católica; seu pai era empregado do governo. Joana Isabel foi educada em Poitiers, nas religiosas Hospitalárias, cuja superiora, a Sra. de Bordin, era sua parente. Quando menina, ela se impressionava muito ao ver os doentes e os mendigos abandonados, e fazia tudo que podia para ajudá-los. Um dia encontrou na rua uma pobre mulher tiritando de fome e de frio, e com uma criança nos braços. Levou-a para sua casa e lhe deu de comer e a presenteou com um manto de lã para se preservar do frio. Sua diversão favorita era ir à praia e construir castelos de areia. Mais tarde ela construiria muitos edifícios para gente pobre. E exclamaria: "Desde muito pequena eu tinha inclinação para construir edifícios". Era uma inclinação dada por Deus para que fizesse um grande bem para a humanidade. Isabel tinha 19 anos. Vários jovens lhe propõem casamento, mas ela declara à sua mãe que seu maior desejo era dedicar-se totalmente à vida espiritual, buscando o reino de Deus e a salvação das almas. Foi então que a Revolução Francesa se iniciou e os revolucionários passaram a matar todos os proprietários. O irmão de Isabel teve que fugir do país para que não fosse morto e seu pai corria o risco de perder sua herança. A jovem teve então uma ideia luminosa: aprender economia e especializar-se em defender a propriedade diante das autoridades. Após vários meses conseguiu aprender as técnicas de como administrar os bens e se tornou muito hábil em fazer a defesa da propriedade diante de juízes. Com tais recursos, se apresentou diante dos tribunais e defendeu brilhantemente o direito que sua família tinha de herdar os bens que haviam sido de seu pai. Os juízes, que haviam despojado muitas pessoas de sua herança, tiveram que reconhecer os direitos de Isabel, que assim recuperou todos os bens da família, passando depois a administrá-los com êxitos surpreendentes. Tais estudos feitos em sua juventude foram enormemente proveitosos quando fundou seu instituto religioso e teve que defendê-lo nas perseguições dos inimigos, e administrá-lo para que não fracassasse economicamente. Deus prepara as almas fieis desde tenra idade para os trabalhos e triunfos no futuro. A Revolução Francesa havia encarcerado centenas de sacerdotes porque não quiseram ser infiéis à Santa Religião. Isabel passou a visitar os cárceres e tratava com tanta bondade os carcereiros, e era tão generosa nos presentes que lhes levava, que eles começaram a tratar bem os sacerdotes e até lhes permitiam celebrar a Missa na prisão. A boa administração da propriedade de seu pai resultava em ganhos que ela repartia com os pobres. As famílias pobres recebiam ajuda e as mães pobres eram presenteadas com vasilhas de leite para seus filhos. Aos doentes supria com medicamentos. Repartia alimentos e roupas com muitos. Era amada e estimada por todos. Ainda se conserva uma estampa de Nossa Senhora do Socorro onde ela escreveu: “Eu, Joana Isabel, me consagro e dedico desde hoje e para sempre a Jesus e Maria”, 5 de março de 1797. Pouco tempo depois de ter escrito estas palavras, Isabel soube que a 15 quilômetros de onde ela vivia um sacerdote católico celebrava à noite (às escondidas do governo, que proibia qualquer manifestação religiosa) em um depósito de grãos. Ela para lá se dirigiu, porque lhe disseram que esse sacerdote era um santo. Foi assim que ela conheceu o Padre André Fournet. Após a Missa, Isabel procurou-o, mas eram muitas as pessoas que desejavam falar com ele. Ela abriu passagem entre as pessoas, porém o sacerdote ao vê-la tão elegante, colocou a prova sua humildade dizendo: “A Senhora aguarde, pois antes devo atender a estas pessoas pobres que são mais importantes”. Ela aceitou isto com muita boa vontade e amabilidade, e aproximou-se somente depois que todos se foram. Confessou-se com o sacerdote, que ficou encantado com sua grande humildade. Desde aquele momento nasceu uma santa amizade entre estes dois apóstolos; amizade que os levou a ajudar-se mutuamente na fundação do Instituto. Joana Isabel manifestou-lhe seu desejo de tornar-se monja, mas ele a aconselhou a permanecer no mundo ajudando a juventude pobre sempre tão desprotegida. Ela aceitou. O Padre Fournet mandou que ela vestisse uma túnica negra de tecido ordinário, o que a princípio desgostou muito seus familiares ricos, que desejavam que ela se vestisse com luxo e elegância. Depois entretanto aceitaram o fato, pois viam que era proveitoso para sua santificação. A jovem e o sacerdote começaram a reunir jovens piedosas de boa vontade e em 1807 fundaram o Instituto das Filhas da Cruz, para atender a juventude pobre e abandonada, e a Santa se dedicou a fundar casas de seu Instituto em diversos locais da França. As vocações às vezes escasseavam, porém ela redobrava as orações e Deus lhe enviava novas e numerosas pretendentes. Em 1820 a casa-mãe foi instalada na antiga Abadia de La Puye; em 1821 outra casa foi aberta em Paris. Depois, outras casas foram abertas na região basca com a ajuda de São Miguel Garicoits. O grande escritor Luis Veulliot dizia desta Santa: “É um dos temperamentos mais ricos que encontrei. Bondosa, resoluta, séria e amável; inteligente e muito compreensiva; muito trabalhadora e verdadeiramente humilde. Não desanima diante de nenhuma dificuldade. Nenhum obstáculo nem contratempo é demasiadamente grande para obrigá-la a desistir de suas boas obras. As angústias interiores não a fazem perder a alegria exterior, e os triunfos não a tornam orgulhosa. Chegam dificuldades muito grandes: injúrias, incompreensões, problemas enormes, e nada a faz perder sua serenidade e sua paciência, porque confia imensamente em Deus”. Ela fundou mais de 60 colégios para meninas pobres e parecia uma segunda Santa Teresa por sua grande fortaleza para viajar, dirigir e ajudar em tudo. Depois de 1815, uma operação mal feita a deixou inválida. Viveu assim uma espiritualidade fundamentada na contemplação da Cruz e de sua grande devoção a Eucaristia. Além de suas numerosas e penosas viagens e de seus esgotantes trabalhos, fazia jejuns e penitências, e rezava muito e sem se cansar. Nas últimas semanas de vida sofreu dores agudíssimas que a ajudaram a ainda mais se santificar. Quando faleceu, no dia 26 de agosto de 1838, Joana Isabel deixava noventa e nove casas, distribuídas em vinte e três dioceses, que contavam com seiscentas e trinta e três religiosas. Foi beatificada em 13 de maio de 1934 por Pio XI e canonizadas em 6 de julho de 1947 por Pio XII.
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A família de Joana Isabel era profundamente católica; seu pai era empregado do governo. Joana Isabel foi educada em Poitiers, nas religiosas Hospitalárias, cuja superiora, a Sra. de Bordin, era sua parente. Quando menina, ela se impressionava muito ao ver os doentes e os mendigos abandonados, e fazia tudo que podia para ajudá-los. Um dia encontrou na rua uma pobre mulher tiritando de fome e de frio, e com uma criança nos braços. Levou-a para sua casa e lhe deu de comer e a presenteou com um manto de lã para se preservar do frio. Sua diversão favorita era ir à praia e construir castelos de areia. Mais tarde ela construiria muitos edifícios para gente pobre. E exclamaria: "Desde muito pequena eu tinha inclinação para construir edifícios". Era uma inclinação dada por Deus para que fizesse um grande bem para a humanidade. Isabel tinha 19 anos. Vários jovens lhe propõem casamento, mas ela declara à sua mãe que seu maior desejo era dedicar-se totalmente à vida espiritual, buscando o reino de Deus e a salvação das almas. Foi então que a Revolução Francesa se iniciou e os revolucionários passaram a matar todos os proprietários. O irmão de Isabel teve que fugir do país para que não fosse morto e seu pai corria o risco de perder sua herança. A jovem teve então uma ideia luminosa: aprender economia e especializar-se em defender a propriedade diante das autoridades. Após vários meses conseguiu aprender as técnicas de como administrar os bens e se tornou muito hábil em fazer a defesa da propriedade diante de juízes. Com tais recursos, se apresentou diante dos tribunais e defendeu brilhantemente o direito que sua família tinha de herdar os bens que haviam sido de seu pai. Os juízes, que haviam despojado muitas pessoas de sua herança, tiveram que reconhecer os direitos de Isabel, que assim recuperou todos os bens da família, passando depois a administrá-los com êxitos surpreendentes. Tais estudos feitos em sua juventude foram enormemente proveitosos quando fundou seu instituto religioso e teve que defendê-lo nas perseguições dos inimigos, e administrá-lo para que não fracassasse economicamente. Deus prepara as almas fieis desde tenra idade para os trabalhos e triunfos no futuro. A Revolução Francesa havia encarcerado centenas de sacerdotes porque não quiseram ser infiéis à Santa Religião. Isabel passou a visitar os cárceres e tratava com tanta bondade os carcereiros, e era tão generosa nos presentes que lhes levava, que eles começaram a tratar bem os sacerdotes e até lhes permitiam celebrar a Missa na prisão. A boa administração da propriedade de seu pai resultava em ganhos que ela repartia com os pobres. As famílias pobres recebiam ajuda e as mães pobres eram presenteadas com vasilhas de leite para seus filhos. Aos doentes supria com medicamentos. Repartia alimentos e roupas com muitos. Era amada e estimada por todos. Ainda se conserva uma estampa de Nossa Senhora do Socorro onde ela escreveu: “Eu, Joana Isabel, me consagro e dedico desde hoje e para sempre a Jesus e Maria”, 5 de março de 1797. Pouco tempo depois de ter escrito estas palavras, Isabel soube que a 15 quilômetros de onde ela vivia um sacerdote católico celebrava à noite (às escondidas do governo, que proibia qualquer manifestação religiosa) em um depósito de grãos. Ela para lá se dirigiu, porque lhe disseram que esse sacerdote era um santo. Foi assim que ela conheceu o Padre André Fournet. Após a Missa, Isabel procurou-o, mas eram muitas as pessoas que desejavam falar com ele. Ela abriu passagem entre as pessoas, porém o sacerdote ao vê-la tão elegante, colocou a prova sua humildade dizendo: “A Senhora aguarde, pois antes devo atender a estas pessoas pobres que são mais importantes”. Ela aceitou isto com muita boa vontade e amabilidade, e aproximou-se somente depois que todos se foram. Confessou-se com o sacerdote, que ficou encantado com sua grande humildade. Desde aquele momento nasceu uma santa amizade entre estes dois apóstolos; amizade que os levou a ajudar-se mutuamente na fundação do Instituto. Joana Isabel manifestou-lhe seu desejo de tornar-se monja, mas ele a aconselhou a permanecer no mundo ajudando a juventude pobre sempre tão desprotegida. Ela aceitou. O Padre Fournet mandou que ela vestisse uma túnica negra de tecido ordinário, o que a princípio desgostou muito seus familiares ricos, que desejavam que ela se vestisse com luxo e elegância. Depois entretanto aceitaram o fato, pois viam que era proveitoso para sua santificação. A jovem e o sacerdote começaram a reunir jovens piedosas de boa vontade e em 1807 fundaram o Instituto das Filhas da Cruz, para atender a juventude pobre e abandonada, e a Santa se dedicou a fundar casas de seu Instituto em diversos locais da França. As vocações às vezes escasseavam, porém ela redobrava as orações e Deus lhe enviava novas e numerosas pretendentes. Em 1820 a casa-mãe foi instalada na antiga Abadia de La Puye; em 1821 outra casa foi aberta em Paris. Depois, outras casas foram abertas na região basca com a ajuda de São Miguel Garicoits. O grande escritor Luis Veulliot dizia desta Santa: “É um dos temperamentos mais ricos que encontrei. Bondosa, resoluta, séria e amável; inteligente e muito compreensiva; muito trabalhadora e verdadeiramente humilde. Não desanima diante de nenhuma dificuldade. Nenhum obstáculo nem contratempo é demasiadamente grande para obrigá-la a desistir de suas boas obras. As angústias interiores não a fazem perder a alegria exterior, e os triunfos não a tornam orgulhosa. Chegam dificuldades muito grandes: injúrias, incompreensões, problemas enormes, e nada a faz perder sua serenidade e sua paciência, porque confia imensamente em Deus”. Ela fundou mais de 60 colégios para meninas pobres e parecia uma segunda Santa Teresa por sua grande fortaleza para viajar, dirigir e ajudar em tudo. Depois de 1815, uma operação mal feita a deixou inválida. Viveu assim uma espiritualidade fundamentada na contemplação da Cruz e de sua grande devoção a Eucaristia. Além de suas numerosas e penosas viagens e de seus esgotantes trabalhos, fazia jejuns e penitências, e rezava muito e sem se cansar. Nas últimas semanas de vida sofreu dores agudíssimas que a ajudaram a ainda mais se santificar. Quando faleceu, no dia 26 de agosto de 1838, Joana Isabel deixava noventa e nove casas, distribuídas em vinte e três dioceses, que contavam com seiscentas e trinta e três religiosas. Foi beatificada em 13 de maio de 1934 por Pio XI e canonizadas em 6 de julho de 1947 por Pio XII.
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