segunda-feira, 26 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “A chave e a espada”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
1906. Dois caminhos e uma meta 
Os bons artistas não saem de cartaz. É o que vimos na comemoração de S. Pedro e S. Paulo. Esses dois homens, há 20 séculos, estão com o mesmo vigor. São mestres que estimulam a viver bem a vida cristã. Louvamos Deus pelo bem que fez neles e por meio deles. Louvamos porque corresponderam com força à graça de Deus. É um caminho a ser imitado. Que bom que podemos ler em sua mensagem de vida caminhos para a Igreja. Caminhos que se completam. Evangelizando mundos diferentes, com métodos diferentes, trabalham sobre o mesmo fundamento: Cristo. Vem-me à mente uma lição bonita: na história encontramos maior insistência na unidade dos métodos secundários que duraram séculos do que no fundamento que é Cristo. Paulo e Pedro trazem símbolos: Pedro a chave e Paulo a espada e o livro. As chaves sempre deram a ideia do poder. Este tem que ser visto não como um poder social, temporal e autoritário. Quem tem a chave, é o que manda, pensamos nós. E a ele se serve e cultua. Mas esse poder das chaves Jesus o entende por poder como serviço. O poder é muito procurado. O serviço, nem tanto. A força do poder está no poder de servir. Pedro, homem simples, ensinou a partir de sua experiência com Jesus. Paulo, homem culto, ensinou com sua reflexão e com seu amor a Jesus Cristo. Trabalhando em campos diferentes e com mentalidades diferentes, souberam passar o mesmo Evangelho e não a si mesmos. A espada de Paulo significa seu combate pelo Evangelho. Não tinha medo e enfrentava todo tipo de perigo e inimigo. 
1907. Novos caminhos 
É impossível imaginar como foi historicamente o início da evangelização. Temos certa ideia romântica sobre esses primeiros tempos. O cristianismo, como dizia Jesus sobre o Reino, é como a semente que cresce silenciosamente e a gente não vê. Árvore de cerne cresce devagar. Para essa evangelização os dois apóstolos foram capazes de abrir novos caminhos. Mas a árvore só cresce se tem ramos novos. Não basta só ter cerne. O cristianismo, saído do judaísmo teve que abrir estradas entre os judeus. Foi muito difícil. Paulo foi perseguido pelos judeus e pelos judeus que eram cristãos e não admitiam os pagãos. Pedro, mesmo continuando a pregação aos judeus, teve que abrir caminhos para acolher os pagãos, o que era um absurdo diante do mundo judaico. Justamente aqui podemos aprender a força da espada. Coragem de abrir caminhos. Ficamos em volta de nossas igrejas, até vazias, e não abrimos caminhos novos. Os tempos são outros e exigem o poder de abrir e a espada para lutar para levar a fé a tantos lugares, sobretudo para nós mesmos. Esse é o ensinamento do Papa Francisco. 
1908. Força de evangelização 
Sabemos que o Reino tem uma força própria e não depende só de nosso esforço e criatividade. Às vezes vemos mudanças na vida religiosa do povo que não têm explicação. É o Reino que se desenvolve. Assim a evangelização que, mesmo parecendo que esteja decaindo, sabemos que a fé se tornou mais opção pessoal que uma cultura. Como podemos entender que homens tão simples como os apóstolos, tiveram uma força de evangelização tão grande. Podemos dizer que outras religiões também crescem. Se crescerem na justiça do Reino, é evangelização. Se não é outra coisa. A torcida de um time cresce também. Mas não é especificamente o Reino. Não podemos deixar de fazer nossa parte como Pedro e Paulo fizeram. Creram em Jesus e partiram como do nada para anunciar Jesus e seu Reino. Não podemos deixar de fazer nossa parte. Deus quer nossa parte.

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