quinta-feira, 29 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Semeando a Palavra”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Que terra somos? 
Conhecemos bem essa parábola da semente que é lançada à terra. No tempo jogavam a semente e depois revolviam a terra para enterrá-la e esperar a chuva. Podemos entender a comparação da semente jogada e que cai em diversos tipos de terra: terra de caminho, que é dura; terra em terreno pedregoso, não tem umidade; semente que caiu entre os espinhos, no meio do mato, é sufocada; e semente que caiu em terra boa. Esta produz em abundância. E Jesus diz uma palavra pesada: “Quem tem ouvidos, ouça” (Mt 13,9). Trata-se da compreensão de toda a pessoa, não só da audição. Que possam perceber a sabedoria de suas palavras. Jesus retoma as palavras de Isaias 48,6 e Deuteronômio 29,4. Dizer ouvidos, olhos e coração compreende toda a pessoa. Jesus diz que o fechamento é total. Há sempre a possibilidade de se fechar. Esse foi o problema que acompanhou a história do povo de Deus e continua acontecendo. Sem conversão os males só aumentam. A terra inculta não produz fruto. Essa Palavra de Deus nos questiona muito perguntando o que colocamos como impedimento de sua germinação em nós. Falta de compreensão, não deixar a planta crescer, falta de persistência, excesso de preocupações e ilusão com a riqueza... Tanta coisa impede. Impede porque não estamos abertos a Deus. Mas, o pouco que conseguimos fazer sempre produz fruto. Mesmo que não seja total, o pouco que podemos é o tudo que Deus acolhe. A oração da missa nos estimula a “aprender a rejeitar o que não convém ao cristão, e abraçar tudo o que é digno desse nome”. 
Glória que nos espera 
A semente plantada produz fruto. Os que ressuscitaram com Cristo produzem fruto no mundo e se destinam a uma glória da qual não temos noção como será grande. Escreve S. Paulo: “Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente não merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós” (Rm 8,18). Citando 1 Coríntios 2,9, retoma as mesmas palavras que Isaias usa para a recusa da Palavra num sentido de incapacidade de poder ver o que nos espera na Glória: “Os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, isso Deus preparou para aqueles que o amam”. Acrescenta ainda a maravilhosa reflexão sobre a natureza que espera “ser libertada da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus” (Rm 8,21). É uma reflexão sobre o futuro do mundo, do homem e da natureza. O que há na natureza que a faz sofrer? O pecado humano no mau uso dos bens criados. Nossa ressurreição irradiará sua glória no mundo. Como participamos da natureza, ela participará da glorificação como participa da glorificação de Cristo. Vemos os sacramentos que têm seu lado cósmico usando os bens da natureza para que seja dada a graça, de modo próprio chegará à glória, pois Paulo ensina que o universo será recapitulado em Cristo (Ef 1,10). 
A força da Palavra 
Nesse panorama meio sombrio da falta de religião do povo e do desinteresse, temos a palavra de Isaias que demonstra a força da Palavra. Pensamos que tudo depende de nós, mas termos certeza que tudo depende de Deus. Nossa colaboração é necessária. Deus respeita nossa liberdade. Basta uma semente da Palavra, é já uma grande plantação. É como a chuva que produz seu efeito. Deus não desiste de nós. Sempre está oferecendo sua Palavra que alimenta, fortalece, cura e estimula. Quanto mais nos abrirmos, mais ela é será fecunda. Vejamos que terra somos. Em cada celebração ouvimos a Palavra. Ouçamos!

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