terça-feira, 27 de agosto de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - “Viver segundo o Espírito”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
51 ANOS CONSAGRADO
44 ANOS SACERDOTE
Os pequenos acolhem 
O texto evangélico de hoje nos coloca bem no âmago do Evangelho de Jesus que se alegra grandemente porque os pequeninos acolhem a Boa Notícia da revelação de Jesus. Eles acolhem e são os primeiros destinatários. É o júbilo messiânico. Jesus se dirige ao Pai em grande louvor. Também aos “sábios e entendidos” é anunciado o Evangelho, mas permanece oculto, pois estão fechados ao amor de Deus. Muitos destes são interessados e vivem em santidade. Outros aceitam enquanto não os incomodem e não os comprometem com o cuidado amoroso de Deus para com os necessitados. Esse aspecto de pequenez e humildade é uma característica fundamental do Filho de Deus que se encarnou. Como lemos na primeira leitura, o profeta Zacarias (não o pai de João Batista) diz sobre o rei que vai chegar: “Eis que vem seu rei ao teu encontro; ele é justo, ele salva; é humilde e vem montado num jumento... Ele exterminará a guerra e anunciará a paz” (Zc 9,9-10)... A figura do Rei - Messias não é o glorioso guerreiro num cavalo garboso. Nós temos a tendência ao triunfalismo. Jesus não era assim. É o que lemos no salmo 144 falando de Deus: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência e compaixão. O Senhor é muito bom com todos; sua ternura abraça a toda criatura” (Sl 144,8-9). Jesus é a imagem viva do Pai. Quando queremos essas atitudes estamos vivendo segundo a carne (Rm 8,12).
Meu jugo é suave
Jesus convida a irem a Ele os sofredores: “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos e Eu vos darei descanso” (Mt 11,28). Esse convite “vinde” ressoa o convite que é a Sabedoria para o grande banquete aberto a todos os povos (Pr 9,5). O convite de Jesus mostra dois aspectos para nossa compreensão da fé: “Meu jugo é suave e meu fardo é leve” (Mt 11,30). A carga e a cangalha que dominam o animal simbolizam o peso que carregamos. Estar sob o poder de Deus não é um peso. Carregar as exigências da fé não é um sofrimento que suportamos. Seus mandamentos não são pesados diz S. João (1Jo 5,3). Os mandamentos não são pesados para fazer sofrer nosso coração. Segui-los nos alivia de tantos males. São outros nomes do amor. Jesus já carregou a pesada cruz para o Calvário em nosso lugar. Nossa cruz não é pesada, pois quem a dá é o próprio Jesus que sabe o que podemos suportar. “Deus não permitirá que sejais tentados acima de vossas forças... mesmo tendo a tentação, Ele vos dará os meios de sair dela e a força para suportar” (1Cor 10,13). O problema não são as tentações, mas a facilidade com que nos deixamos levar pensando que o que nos agrada é que é o certo. Isso é o pior. 
Fé não é peso 
Há mais um ensinamento nessas palavras de Jesus: “Meu fardo é leve”. Já há tempo, na história vemos que há uma tendência de rigidez na vida cristã como se o rígido, o severo e o exigente sejam o caminho mais seguro para a salvação. Impôs-se uma fé pesada, uma religião dura. Quanta severidade! Jesus não era assim. Quer que sejamos exigentes no amor. Há uma heresia (doutrina errada) que influencia muito a mentalidade do povo e de certas lideranças. A severidade não se confunde com grosseria, prepotência ou falta de educação, pois a verdade pode ser ensinada com boas palavras. Deve-se condenar o pecado e não maltratar o pecador. Não se trata de ceder ao mal. Quanta gente se afastou da Igreja por maus tratos de sacerdotes e gente da sacristia. A fé é alegria. Não é pesada. A rigidez, peguemos para nós, não impor aos outros. Não jogar sobre os outros nossos problemas.

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