Evangelho segundo S. Mateus 1,16.18-21.24a.
Jacob gerou
José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo.O nascimento de
Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem
vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas
José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em
segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do
Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua
esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz
um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus
pecados». Quando despertou do sono, José fez como lhe ordenara o Anjo do
Senhor.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Redemptoris Custos, n.º 4
Ao iniciar a sua peregrinação, a fé de Maria
encontra-se com a fé de José. Se Isabel disse da Mãe do Redentor: «Feliz daquela
que acreditou», esta bem-aventurança pode, em certo sentido, ser referida também
a José, porque, de modo análogo, ele respondeu afirmativamente à Palavra de
Deus, quando esta lhe foi transmitida naquele momento decisivo. A bem da
verdade, José não respondeu ao «anúncio» do anjo como Maria; mas «fez como lhe
ordenara o Anjo do Senhor» e recebeu a sua esposa. Isto que ele fez é puríssima
«obediência da fé» (cf Rom 1,5; 16,26; 2Cor 10,5-6).
Pode dizer-se que
aquilo que José fez o uniu, de uma maneira absolutamente especial, à fé de
Maria: ele aceitou como verdade proveniente de Deus o que ela já tinha aceitado
na anunciação. O Concílio ensina: «A Deus que revela é devida a "obediência da
fé" [...]; pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus, prestando-Lhe
"o obséquio pleno da inteligência e da vontade" e dando voluntário assentimento
à sua revelação.» A frase acabada de citar, que diz respeito à própria essência
da fé, aplica-se perfeitamente a José de Nazaré.
Ele tornou-se,
portanto, um depositário singular do mistério «escondido desde todos os séculos
em Deus» (cf Ef 3,9), como se tornara Maria, naquele momento decisivo que é
chamado pelo Apóstolo «plenitude dos tempos», quando «Deus enviou o seu Filho,
nascido de mulher [...] para resgatar os que se encontravam sob o jugo da lei e
para que recebêssemos a adoção de filhos» (Gal 4,4-5).
Deste mistério
divino, juntamente com Maria, José é o primeiro depositário. [...] Tendo diante
dos olhos os textos de ambos os evangelistas, S. Mateus e S. Lucas, pode também
dizer-se que José foi o primeiro a participar na mesma fé da Mãe de Deus e que,
procedendo deste modo, dá apoio à sua esposa na fé na anunciação divina. Ele foi
o primeiro a ser posto por Deus no caminho da «peregrinação da fé» de Maria.
[...] A caminhada própria de José, a sua peregrinação da fé terminaria antes.
[...] E contudo, a caminhada da fé de José seguiu a mesma direção.
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