domingo, 26 de março de 2017

Homilia do 4º Domingo da Quaresma (26.03.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Cristo é a Luz” 
Eu sou a luz do mundo
Tanto no Advento como na Quaresma temos um domingo chamado domingo da alegria. Nele vemos os primeiros clarões da festa alegre que se aproxima. Temos assim o quarto domingo chamado ‘Laetare’ (alegrai-vos!) que nos indica a proximidade da festa da Páscoa. Somos convidados a “correr ao encontro das festas que se aproximam cheios de fervor e exultando de fé” (oração). Desponta o sol no horizonte e as cores inundam o céu na alegria de um novo dia. Continuamos a temática batismal. No ritual do batismo de adultos estamos na terceira etapa. Jesus faz um milagre que é assumido como símbolo do batismo. É a Iluminação. Aquele que se prepara para o batismo é iluminado por Cristo que é a Luz. Notamos que o cego não pede para ser curado, pois não conhece Jesus. A fé é gratuita. A iluminação leva ao ato de fé. Jesus fez lama com saliva e barro e passou nos olhos dele mandando se lavar na fonte chamada Siloé, que quer dizer enviado. Ele é o Enviado de Deus que lava os olhos para que veja pela fé. Antes de curar o cego, Jesus se declara luz do mundo (Jo 9,8). A cura do cego simboliza que a cegueira que impede acreditar em Jesus pode ser curada acolhendo Jesus como enviado do Pai: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). O fechamento vem da auto-suficiência. Jesus afirma: “Eu vim ao mundo para que os que não enxergam vejam e os que vêem se tornem cegos” (Jo 9,39). Afirmando que vê, sendo cego – não iluminado por Cristo, permanece no pecado que é a cegueira.
Agora sois luz no Senhor 
Ao sermos batizados somos iluminados e nos tornamos “luz no Senhor” (Ef 5,8). Essa iluminação torna-se um modo de vida: “Vivei como filhos da Luz” (8). A luz tem seus frutos: bondade, justiça, verdade (Ef 5,9), e não associar-se às obras das trevas (11). No caminho batismal, recebemos a água viva (vimos domingo passado); Cristo é a vida nova (veremos domingo que vem). Vivei como filhos da luz ensina S. Paulo. A Quaresma, sendo memória de nosso batismo, conduz-nos à renovação de nossa vida de fé. Nossa luz deve resplandecer. O batismo não é um rito que celebramos, mas uma vida que iniciamos. É um novo nascimento. Lavados e purificados pela água, somos iluminados pela graça salvadora que nos faz ver as dimensões da vida nova na novidade de Cristo. Lemos aqui o salmo 22. Ele é o Pastor que nos conduz. Leva às águas, dá alimento e repouso. Ele guia por caminhos seguros, mesmo que se passe pelo vale tenebroso. Essa é a alegria que a fé: “Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida” (Sl 22). 
Deus vê o coração. 
Jesus é o Ungido de Deus. Davi foi ungido por Samuel para ser rei no lugar de Saul. É escolhido entre os filhos de Isaías. Não foi nem a estatura nem a bela aparência que impressionaram a Deus nessa escolha. “O homem vê as aparências, Deus vê o coração” (1Sm 16,7). Davi era jovem e de belos olhos. Ele se torna o ungido do Senhor. Assim também o Senhor vê nosso coração e nos unge para uma missão de ser luz, para que vivamos como filhos da Luz. São Leão Magno diz aos batizados: “Cristão, reconhece tua dignidade”. Na Eucaristia, pela Palavra e pelo Pão da Vida somos iluminados para ser luz de Cristo no mundo. O cego foi ungido por Jesus com a lama feita de pó e saliva. Ao ser lavado na piscina de Siloé, que significa Enviado, voltou enxergando. Cristo é a água que lava e purifica para que veja com clareza e professe a fé em Jesus: “Eu creio, Senhor” (Jo 9,38).
Leituras: 1Samuel 16,1b.6-7.10-13ª; Salmo 22/Ef 5,8-14/Jo 9,1-41 
1. Domingo da alegria que anuncia a Páscoa. Curando o cego Jesus nos mostra que é luz. Quem acolhe Cristo é iluminado. 
2. Ser iluminado é viver com a luz de Cristo em todas as obras. 
3. Jesus unge o cego com barro feito de saliva e pó. Davi é ungido rei para o povo. A unção ilumina para que se veja e se professe a fé.
Lavando com barro 
Muitos gostam de banho de lama. É muito bom para a pele. Até os animais apreciam. Mas depois do barro, tem que se lavar bem. Jesus cura o cego com lama feita de saliva e terra. A saliva tem ricos significados. Era considerada como semente da palavra. Tem poderes curativos e de destruição. O beijo está ligado à saliva num sentido de vida que é comunicada. Jesus, ao curar o cego com a lama da saliva dando-lhe a visão, indica que o dom da fé ilumina os olhos. Éreis trevas, agora sois luz no Senhor. Vivei como filhos da luz, diz Paulo. Convida: “Não vos associeis às obras das trevas” (Ef 5,8-14). Lavado nas águas, o cego tem a luz. No batismo somos iluminados. A fé nos faz ver a Luz. Jesus diz que somos luz do mundo: “Brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,14.16). Davi foi ungido com óleo como escolhido de Deus. É uma iluminação.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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