PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
951.
Vossos olhos viram
No
tempo litúrgico da Páscoa, lemos o evangelho sobre o Bom Pastor. A parábola de
Jesus sobre o pastor e as ovelhas tem um rastro profundo na Escritura. Deus é
chamado de Pastor do povo. Ela nos
ensina que o seguimento de Jesus vai além de um simples ir atrás como “ovelhas”. Este seguimento vai ao íntimo
do ser humano no seu relacionamento com o Pastor. A fé em Jesus envolve todo
nosso ser, pois atinge todos os sentidos. Entra em questão, sobretudo, o ver, o
ouvir e o compreender. João escreveu em sua carta: “O que ouvimos, o que vimos
com nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam da Palavra da
Vida... vo-lo anunciamos para que estejais em comunhão conosco. E a nossa
comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo (1Jo 1,1-3). Há um crescendo no acolhimento
da Palavra de Deus: viram, ouviram e entenderam com o coração, entraram em
comunhão. Jesus, citando Isaias, diz que falava em parábolas porque vêem sem
ver, e ouvem sem ouvir nem entender” (Is 6,9-10; Mt 13,13). As ovelhas vêem, ouvem o pastor, conhecem-no
e O seguem. No livro do Deuteronômio Deus chama a atenção do povo: “Vossos
olhos são os que viram todas as grandes obras que fez o Senhor” (Dt 11,7). O povo
testemunhou com os próprios olhos as maravilhas de Deus. As ovelhas vêem o
pastor. Os olhos captam tudo e levam para dentro de nós. Deus se fez ver na
pessoa de seu Filho. Deus se manifestou. Aqueles que viram Jesus fisicamente
puderam fazer a escolha do pastor. Jesus afirma: “Felizes os vossos olhos
porque vêem, e os vossos ouvidos porque ouvem. Muitos profetas e justos
desejaram ver o que vedes e não viram e ouvir o que ouvis e não ouviram” (Mt 13,16-17).
Continua na Igreja a necessidade de um anúncio que atinja também os olhos. Daí
a importância do uso dos meios de comunicação que são necessários para a
evangelização. A beleza evangeliza, como contemplamos na transfiguração de
Jesus.
952.Ouvem
a voz
Felizes
os que ouvem. Ouvir é um sentido que nos atinge mais profundamente. Fazemos a
seleção do que queremos acolher. Cada sentido tem uma finalidade diferente.
Jesus usou a palavra como meio para a transmissão de sua verdade. Dizia sempre:
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Lc 8,8). Usa a comparação da semente lançada na terra. É
preciso germinar. As ovelhas ouvem a voz do pastor. Todos os meios são úteis,
mas a pregação é indispensável. A Palavra é semeada e produz seu fruto como a
semente. Acolher é o que Deus espera de nós. Quanto mais formos terra boa, mais
fruto daremos, porque ouve e entende (Mt 13,23) diz a parábola.
953.
Conhecem com o coração
Maria guardava todas essas coisas meditando-as em seu coração (Lc 2,19). A meta de
toda a revelação é ir ao coração, isto é, o centro de decisão por Deus e pela
palavra de Jesus. Ali se faz a opção pelo que se viu e ouviu. Dizemos que é o
lugar do amor. Nossos sentimentos e inteligência levam-nos a escolher o que é
bom para nós. Jesus já em seu nascimento foi posto como sinal de contradição,
escolhê-lo ou não (Lc
2,34). Não é possível ficar indiferente diante do mistério do Filho de
Deus que se revela. “Ele veio para os que eram seus e os seus não o receberam.
Aos que O receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,11-12). Os
discípulos viram, ouviram e acolheram. Nós abrimos nosso coração ao amor de
Deus para que tenhamos o sentido da vida e anunciar a Vida.
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