quarta-feira, 29 de março de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Sinais de Ressurreição”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
954. Ele está no meio de nós
            A Ressurreição de Jesus não é um fato da história do passado que acreditamos e que outros negam e a maioria não toma conhecimento. Não é a reanimação miraculosa de um cadáver. É o ponto máximo da história do Universo no qual Deus Se encarna, passa por uma vida normal de um ser humano, anuncia um mundo novo, é morto e ao terceiro dia Ressuscita. Não volta à vida, mas passa à Vida. Eleva consigo toda a humanidade na carne de seu corpo glorificado, restaurando assim todo o ser criado. Não se torna um estranho distante, mas um presente em comunhão. João, no prólogo de seu evangelho, escreve que tudo foi feito por Ele (Jo 1,3); E o verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14). “O desígnio de Deus é levar o tempo à plenitude e, de em Cristo, recapitular todas as coisas as que estão nos céus e as que estão na terra” (Ef 1,9-10). Cristo não é um a mais na história das religiões. Para Ele converge o universo. Nele todas as coisas tem sentido. Não é de se estranhar que tenhamos dificuldades ao falar da Ressurreição, do Cristo Vivo. Houve tempos na história em que, mesmo santos, não trataram desta questão nem fizeram dele a razão da vida. Faziam-no, mas numa perspectiva diferente. O Espírito, no momento atual, abre nossos corações para compreendermos melhor que Ele vive no meio de nós. Rezamos na missa: “O Senhor esteja convosco! Ele está no meio de nós”, respondem todos. A presença de Cristo não é um julgamento de nossas atitudes, mas a força de um amor transformante que faz dos fracos, os fortes na fé, transformadores da realidade. O amor tudo pode. A Ressurreição não é um acontecimento que nos vai alegrar no fim de nossa vida, depois de um julgamento terrível. Ela acontece em cada ato de amor, em todo o bem que fazemos, em todo mal que suportamos, em toda a atitude de vida que colocamos. Se a sociedade tem tantas recusas dos que anunciam Jesus é porque Ele está vivo e as forças do mal querem destruí-lo. Mas não O vencerão. Paulo diz que Ele, no fim, entregará o Reino a seu Pai depois de vencidos os inimigos. O último inimigo a ser destruído será a Morte, pois Ele colocou tudo debaixo de seus pés (1Cor 15,24-28).
955. Nós O manifestamos.
            Deus quis precisar de nós para que possamos manifestá-lo ao mundo. A fé não cresce no mundo por um passe de mágica. Assim como foi a encarnação de Jesus, no silêncio e na simplicidade de uma vida como a de cada pessoa, assim é o anúncio que é realizado no mundo. Isto os meios de comunicação não comentam. A presença humilde dos seguidores de Jesus com seu testemunho, sustentado pelo Espírito Santo, anuncia a presença de Jesus vivo no seio da comunidade. Não fosse assim, não haveria conversões. A comunidade, mesmo sofredora por causa dos males, é uma manifestação de Jesus. O Espírito Santo abre os olhos dos que são chamados para que respondam ao apelo de Deus.
956. Exigências de um mundo novo.
A fé cristã não consiste em agregar pessoas a um grupo religioso dizendo: “Venha para minha igreja!” Destina-se a fazer com que o evangelho impregne todas as coisas do amor de Deus, a serviço homem e do louvor Deus. Deus quer seus filhos vivos e felizes. A Igreja não vai desistir, mesmo que fale sozinha, de defender a dignidade da pessoa humana com seus direitos e deveres. Por isso é odiada. “Porque não sois do mundo, o mundo, por isso vos odeia” (Jo 15,19). Ela própria tem que se purificar dos males por faltar à obediência a seu Senhor. Mas Cristo vive e somos testemunhas. 

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