No tempo pascal saudamos Maria com toda alegria que a
Ressurreição inspira ao nosso coração. Esta antífona mariana reflete bem o
quanto a Igreja se alegra com Maria na Ressurreição de seu Filho. Nós imaginamos
que Jesus, depois da Ressurreição, foi fazer a primeira visita a sua Mãe amada.
Nada impede que seja assim, pois seria lógico. O Evangelho, contudo, não diz
nada. Podemos resolver esta questão contemplando Maria como discípula de Jesus.
Ela o demonstra quando diz: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo tua
palavra” (Lc 1,38).
Era mãe de seu Filho. Não se descaracteriza sua maternidade vendo-a como uma
discípula como as demais que seguiam Jesus e estavam com ela. Maria está sempre
junto do Filho, como também os discípulos. Ela estava com eles em Jerusalém,
como lemos em João: “Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã
de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas e Maria Madalena” (Jo 19,25). Viveu a dor da cruz e
sofria insegura como os discípulos. Unidos sofriam juntos. Alegres acolheram o
Ressuscitado. Ela vivia uma vida semelhante a dos discípulos de seu Filho.
Quando a chamamos de Discípula é porque é a primeira deles. O que nos enriquece
não é dizer que ela recebeu sua visita, mas que creu Nele ressuscitado e, se
por circunstâncias humanas não o viu, ela creu no testemunho dos discípulos que
O viram e proclamaram que Ele estava vivo. Em nossa espiritualidade mariana
devemos aprender dela a crer na palavra das testemunhas. É fundamental ser ela Mãe
do Senhor, Mãe de Deus. Para nós é fundamental sua fé. Refletindo sobre Maria,
lembramos que era humana como seu divino Filho.
958. Mãe
que é mestra
Em
sua condição humana de mãe, ela nos ensina a ser discípulos que acolhem a
presença do Cristo Vivo através das palavras das testemunhas escolhidas de antemão
(At 10,41).
Maria age na simplicidade. Nisto é nossa mestra. Há um risco muito grande de
colocarmos em Maria tantos panos e coroas, tantas imagens maravilhosas e
pinturas excelsas que acabamos por encobrir a beleza simples que Deus lhe deu
no meio de seu povo. É uma mulher do povo, do interior, na batalha da vida, no
trabalho duro, nas condições difíceis em que vivia. Não era madame. Por mais que
nos agrade engrandecê-la, não a tiremos de sua realidade. Isso nos ensina que é
em nossa realidade que acolhemos o Ressuscitado. É vivendo nossa condição é que
estamos mais prontos para viver a graça da salvação.
959.
Socorro sempre presente
Por que podemos nos dirigir a ela,
como também aos santos, em nossas necessidades? Quem não ouviu ainda esta
expressão: reze por mim; vamos fazer uma corrente de oração? Procuramos pessoas
que orem por nós, que nos benzam. Se nós que vivemos a condição humana na terra
fazemos assim, quanto mais os que vivem na união com Deus, na luz divina. Somos
membros Corpo de Cristo. Estes membros estão ligados entre si pela Comunhão do
Espírito Santo. Como Paulo explica sobre os membros, nós nos ajudamos uns aos
outros. Maria, junto de Deus, intercede com seu Filho, pois ele é o
“Intercessor junto do Pai” (Hb 7,25). Podemos e devemos pedir intercessão a ela que é
humana como nós, mas glorificada em sua Assunção. Ela está junto ao Filho
Ressuscitado. E por isso, por ser parte deste Corpo de Cristo, é parte nossa e
por isso, como no corpo, um membro participa da vida do outro e ajuda a viver.
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