Evangelho segundo S. João 5,1-16.
Naquele
tempo, por ocasião de uma festa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém. Existe
em Jerusalém, junto à porta das ovelhas, uma piscina, chamada, em hebraico,
Betsatá, que tem cinco pórticos. e neles jaziam numerosos doentes, cegos,
coxos e paralíticos. Estava ali também um homem, enfermo havia trinta e
oito anos. Ao vê-lo deitado e sabendo que estava assim há muito tempo, Jesus
perguntou-lhe: «Queres ser curado?» O enfermo respondeu-Lhe: «Senhor, não
tenho ninguém que me introduza na piscina, quando a água é agitada; enquanto eu
vou, outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a tua
enxerga e anda». No mesmo instante o homem ficou são, tomou a sua enxerga e
começou a caminhar. Ora aquele dia era sábado. Diziam os judeus àquele que
tinha sido curado: «Hoje é sábado: não podes levar a tua enxerga». Mas ele
respondeu-lhes: «Aquele que me curou disse-me: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Perguntaram-lhe então: «Quem é que te disse: ‘Toma a tua enxerga e anda’». Mas o homem que tinha sido curado não sabia quem era, porque Jesus tinha-Se
afastado da multidão que estava naquele local. Mais tarde, Jesus encontrou-o
no templo e disse-lhe: «Agora estás são. Não voltes a pecar, para que não te
suceda coisa pior». O homem foi então dizer aos judeus que era Jesus quem o
tinha curado. Desde então os judeus começaram a perseguir Jesus, por fazer
isto num dia de sábado.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de
Milão, doutor da Igreja
Sobre os mistérios, 24s (trad. breviário rev.)
O paralítico da piscina de Betzatá esperava
um homem [para o ajudar a descer à piscina]. Quem era esse homem, a não ser o
Senhor Jesus, nascido da Virgem? Com a sua vinda, Ele não prefigurou apenas a
cura de algumas pessoas; Ele era a própria verdade que cura todos os homens. Por
conseguinte, era Ele que se esperava que descesse, Ele de quem Deus Pai disse a
João Batista: «Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é que
batiza no Espírito Santo» (Jo 1,33). [...] Então, porque desceu o Espírito como
uma pomba, se não para que tu a visses e reconhecesses que a pomba enviada da
arca por Noé, o justo, era uma imagem desta outra pomba, de modo que nela
reconhecesses a prefiguração do sacramento do batismo? [...]
Podes estar
ainda na dúvida, quando o Pai proclama para ti de maneira indubitável no
evangelho: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado» (Mt
3, 17); quando o Filho o proclama, Ele sobre quem o Espírito Santo se manifestou
sob forma de pomba; quando o Espírito Santo também o proclama, Ele que desceu
sob forma de pomba; quando David o proclama: «A voz do Senhor ressoa sobre as
águas, o Deus glorioso faz ecoar o seu trovão, o Senhor está sobre a vastidão
das águas» (Sl 28,3)? A Escritura atesta também que, às preces de Gedeão, o fogo
desceu do céu; e que, à prece de Elias, o fogo foi enviado para consagrar o
sacrifício (Jz 6,21; 1Rs 18,38).
Não consideres o mérito pessoal dos
sacerdotes, mas a sua função [...]. Por conseguinte, acredita que o Senhor Jesus
está lá, invocado pela oração dos sacerdotes, Ele que disse: «Pois, onde
estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles» (Mt 18,20).
Por maioria de razão, onde está a Igreja, onde estão os mistérios, é lá que Ele
Se digna conceder-nos a sua presença. Desceste ao batistério. Recorda o que
disseste: que crês no Pai, que crês no Filho, que crês no Espírito Santo. [...]
Pelo mesmo compromisso da tua palavra, quiseste crer no Filho tal como crês no
Pai, acreditar no Espírito Santo como crês no Filho, apenas com a diferença de
que professas que é necessário crer na cruz do único Senhor Jesus.
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