domingo, 18 de agosto de 2024

Beata Paula Montaldi, Virgem - 18 de agosto

Martirológio Romano: Em Mântua, Lombardia, Itália, Beata Paula Montaldi, virgem, abadessa da Ordem das Clarissas, que se distinguiu por sua devoção à Paixão do Senhor e por sua constante oração e austeridade (1514).
     Nas colinas à esquerda do Mincio, indo em direção à planície e lagos de Mântua, a aldeia de Volta Mantovana está em posição dominante; centro agrícola de origem medieval, hoje também é conhecida por suas pedreiras de cal. A igreja paroquial de Volta Mantovana tem algumas belas pinturas atribuídas a Guercino, e acima de tudo preserva o corpo da Beata Paula Montaldi, nascida perto de Volta Mantovana, no castelo dos nobres locais. Naquela igreja, o corpo da Beata foi preservado desde 1872. Antes, por mais de dois séculos e meio, ele permaneceu na igreja do Mosteiro de Santa Lúcia, em Mântua, isto é, no lugar que por 56 anos uma freira de clausura tinha feito de sua vida espiritual um trabalho precioso, delicado, um perfeito bordado invisível.
     Às vezes ficamos desapontados com a falta de notícias precisas e exaustivas da vida de personagens, homens e mulheres, que chegaram às honras dos altares, tendo passado toda a sua vida dentro dos muros de um claustro. Pelo contrário, devemos surpreender-nos com a forma como o eco da santidade conseguiu superar a tripla barreira do silêncio, da clausura e da modéstia. Maravilha-nos como foi possível dar um nome e um rosto a certas flores espirituais secretas, que todas as circunstâncias externas parecem dedicar ao silêncio, para não dizer ao esquecimento.
     Portanto, também para Paula Montaldi só será possível relatar os poucos dados de sua biografia e as parcas notícias sobre sua santidade. O que se sabe, mesmo tendo sido relatado em um processo canônico oficial, é apenas uma pequena parte do todo que só Deus pode saber.
     Nascida em Volta Mantovana, no Castelo de Montaldi, Paula tinha quinze anos de idade quando, em 1458, se afastou de sua família para encerrar sua juventude em um mosteiro de clausura. Naquela época, havia três comunidades em Mântua. A mais antiga foi fundada por Santa Inês, irmã de Santa Clara. A segunda, com o nome de Santa Lúcia, tinha a regra atenuada pelo Papa Urbano IV. A terceira tinha sido fundada recentemente, à conselho de São Bernardino da Siena, pelo Marquês Gonzaga e sua esposa.
     A Beata Paula Montaldi era Clarissa no Mosteiro de Santa Lúcia, onde viveu por 56 anos. Eleita três vezes abadessa, ela permaneceu admirável pela modéstia, humildade, caridade silenciosa. Mas entrar no segredo dessas virtudes óbvias seria um pouco como querer quebrar o claustro e sigilo do qual ela voluntariamente se rodeava.
     Mas sabemos que a Paixão de Jesus era para ela o assunto mais frequente das conversas, bem como das meditações e contemplações. Foi também singularmente devota da Eucaristia. Levava uma vida austera, com cilícios, flagelações e jejuns, e sentia-se feliz nas humilhações, fadigas e trabalhos.
     No relacionamento com as irmãs mostrava-se cheia de caridade e sempre pronta a ajudá-las em qualquer necessidade. Sob a sua direção o mosteiro de Santa Lúcia ganhou fama pelas numerosas vocações e pela vida seráfica das religiosas.
     Em agradecimento ao Senhor pelos favores por Ele concedidos, ela costumava repetir esta oração: “Meu Deus, eu Vos amo de todo o coração, com um amor sem medida, e nunca deixarei de cantar os vossos louvores”. Nos 56 anos de vida religiosa, nunca causou qualquer desgosto às irmãs. Como superiora, procurou não apenas o bem espiritual das religiosas, mas também o bem material da comunidade, convencida de que não pode haver perfeita observância da regra se falta o indispensável para a vida. No jardim mandou abrir um poço, que veio a chamar-se o “Poço da Beata Paula”, a cuja água se tem atribuído propriedades curativas.
     Era grande a sua confiança em Deus. Amiúde repetia a expressão de São Paulo: “Sei em quem confio!”. Era às vezes arrebatada em êxtase, e outras vezes ouviram-se coros angélicos a cantarem junto ao sacrário. Escreveu vários opúsculos, em especial sobre o nome de Jesus, que lamentavelmente se perderam.
     Um dia, estando a rezar em êxtase diante de um crucifixo situado no cimo de uma escada, foi atacada pelo demônio, que a lançou por terra. Socorrida pelas irmãs, foi reclinada num enxergão. Eram os seus últimos dias e as suas últimas palavras. Exausta pelas prolongadas vigílias, pelos rigorosos jejuns e outras ásperas penitências, assistida pelo seu confessor e pelas irmãs, apertando contra o coração o crucifixo repetia mais uma vez a sua jaculatória predileta “Paixão de Cristo, Sangue de Cristo, misericórdia de mim!”, expirou serenamente no dia 18 de agosto de 1514. Tinha 71 anos, 56 dos quais passados no mosteiro.
     Aprovou seu culto Pio IX no dia 6 de setembro de 1876.
Fontes:
“Santos Franciscanos para cada dia”, Ed. Porziuncola.
Disponível em Franciscanos.org.br

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