Evangelho segundo São Marcos 6,1-6.
Naquele tempo, Jesus dirigiu-Se à sua terra e os discípulos acompanharam-no.
Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Os numerosos ouvintes estavam admirados e diziam: «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos?
Não é Ele o carpinteiro, Filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?». E ficavam perplexos a seu respeito.
Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa».
E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos.
Estava admirado com a falta de fé daquela gente. E percorria as aldeias dos arredores, ensinando.
Tradução litúrgica da Bíblia
(540-604)
Papa, doutor da Igreja
Livro XI, SC 212
«Se retiver as águas, tudo secará; se as soltar,
elas submergirão a terra» (Jb 12,15)
Entendamos por água a ciência da pregação, como está escrito: «As palavras da boca de um homem [sábio] são águas profundas, torrente transbordante, fonte de sabedoria» (Pr 18,4); se as águas forem retidas, tudo seca. Sim, tirai aos pregadores a ciência, e os corações que poderiam ter verdejado na esperança da eternidade murcham imediatamente, permanecendo na secura do desespero, apreciando o transitório, ignorando a esperança daquilo que subsiste.
E se por água entendemos a graça do Espírito Santo, como diz a palavra da Verdade no Evangelho: «Quem acredita em Mim, como diz a Escritura, "do seu ventre brotarão rios de água viva"»; e o evangelista acrescenta: «Disse isto acerca do Espírito, que estavam prestes a receber os que nele acreditaram» (Jo 7,38-39), esta interpretação está claramente de acordo com as palavras de Job: «Se retiver as águas, tudo secará»; pois, se a graça do Espírito Santo for retirada ao espírito daquele que escuta a Palavra, a sua mente, que estava verde de esperança quando a ouviu, seca imediatamente. E falar, não de água, mas de águas, no plural, é recordar a graça dos sete dons espirituais, pois os dons que nos enchem são outras tantas águas que se derramam no nosso coração.
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