quarta-feira, 24 de julho de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Os muitos caminhos do Natal”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Celebrar uma memória
 
O início o Ano Litúrgico é o Advento, que significa vinda e chegada. Celebrar não é uma reunião onde acontecem alguns ritos, mas, dar vida a um acontecimento passado através de símbolos. Não se repete o fato como num teatro, mas nos tornamos presentes a ele. Podemos dizer que participamos em tudo o que o acontecimento de salvação nos trouxe, e recebemos sua força redentora. Pela fé estamos mais presentes ao fato que os que estavam ali presenciando, pois o mistério se vive com totalidade de adesão pessoal, não somente visualização. Muitos estavam com Maria e José quando nasceu Jesus, mas só viram e continuaram a dormir, pois devia ser noite. O mesmo ocorreu na morte de Jesus. Muita gente estava ali. Quem acolheu sua morte como redenção? Os soldados presenciaram a ressurreição; os sacerdotes chefes constataram o fato, mas não o acolheram. Celebrar a memória de um fato, de modo particular na liturgia, é participar do acontecimento na fé recebendo a graça da salvação e a renovação de nosso interior pelo perdão e pela santificação. Os símbolos explicam a graça salvadora que nos é dada. Símbolo é a união do visível humano e do invisível, a graça divina. Por isso as celebrações nos preenchem, pois são memória de fatos que são densos de vida. Não é mágica nem superstição. Pela fé vivenciamos o mistério da salvação. 
Os caminhos do Natal 
Ao fazermos memória dos acontecimentos do Natal, notamos que há muitos caminhos. Muita gente se movimenta em direção ao Menino que nasce em Belém. A narrativa pode não ter a precisão histórica, mas têm a plenitude da fé. Não dependem só de um conhecimento intelectual, mas de aceitação na fé. Vemos a caminhada de Maria e José a Belém. Contemplamos a beleza dos pastores que vão ver o Menino. Ficamos extasiados diante da simplicidade da sabedoria dos Magos que seguiram uma estrela que os levou até onde Ele estava. Por outro lado sentimos horror de Herodes que manda matá-Lo. José e Maria fogem com o Menino para o Egito. Essa procura sintetiza os sentimentos que devemos carregar conosco quando falamos de Natal. Trata-se de ir ao encontro na alegria de receber uma boa notícia: “Eis que vos anuncio uma grande alegria: nasceu para vós um Salvador” (Lc 2,10-11). É sabedoria buscá-Lo vendo seus sinais no mundo: “Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” (Mt 2,2). A ciência é um caminho para o encontro de Deus. A sabedoria de quem passa por Ele é aprender a viver com totalidade. Mas é preciso escapar do mal para manter viva nossa fé como fizeram os Magos. A sociedade quer acabar com o Menino dando um falso espírito de Natal com outros símbolos, belos, mas vazios. 
Vinde adoremos 
O ponto de chegada de todos os caminhos é o coração amoroso de Deus que nos oferece Sua Imagem palpável no Menino de Belém. Nele está toda graça e verdade (Jo 1,14). Caminhar seguindo a estrela, que é o Menino, leva-nos à adoração e ao reconhecimento da Vida que nos é dada. “Nele estava a Vida e a Vida era a luz dos homens” (Jo 1,4). Estamos em adoração não só dizendo belas palavras, mas acolhendo a Palavra. Acolher é adorar. Adorar é encantar-se por ser amado. Quando as crianças veem o Presépio, seus olhos mostram todo o encanto que sentem. Encantar-se é amar. O caminho para Belém é o amor. À medida que amamos continuamos a memória da presença do amor que celebramos fazendo o caminho que nos é oferecido.
ARTIGO PUBLICADO EM DEZEMBRO DE 2013

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